Para entendermos o fenômeno chamado permafrost podemos usar como referência os congeladores de nossas geladeiras. A baixa temperatura desses equipamentos faz com que matéria orgânica, como carne, fique preservada por muito tempo.
Mas o que acontece com essa carne em caso de falhas na geladeira? Inicia-se o processo de derretimento, certo? Se essa falha for solucionada rapidamente, como em uma breve queda de energia, não há com o que se preocupar, pois não terá dado tempo para que o gelo derreta.
Agora, se a temperatura for aumentando mais rápido que a velocidade da manutenção do congelador, a carne vai estragar — e o que chamamos de estragar, nada mais é do que a ação do processo de decomposição. Mas o que isso tem a ver com a vida na Terra? Tudo, uma vez que existe um número gigantesco de matéria orgânica descongelando em nosso planeta.
1. A palavra permafrost pode não fazer mais sentido
O termo permafrost tem origem no inglês e significa "permanentemente congelado". Ele se refere às camadas de terra que sempre estiveram congeladas e que, provavelmente, permaneceriam assim por anos.
O problema é que isso não está mais acontecendo dessa forma. Devido às mudanças climáticas, antigas áreas de permafrost estão derretendo, contradizendo o que o próprio nome desse fenômeno sugeria.
2. Permafrost não é formado apenas por gelo
Nós já falamos algumas vezes aqui no Mega Curioso que as geleiras estão derretendo — e explicamos como isso afeta a nossa vida. Mas no caso do permafrost, a situação não é exatamente igual à das geleiras, ainda que estejam relacionados.
O permafrost é uma camada de terra congelada que está abaixo da terra visível — e é esse solo visível que costuma estar coberta por gelo. Conforme a temperatura aumenta, o gelo superficial derrete, permitindo que esse nível de terra imediatamente abaixo dele crie vida.
Em alguns casos, esse aumento de temperatura é suficiente para chegar às camadas mais profundas do solo, transformando o que antes era terra congelada em lama.
3. Um permafrost tem um incrível potencial poluente
O aumento da temperatura faz com que toneladas de matéria orgânica antes soterradas comecem a se decompor. Essa decomposição lança para a atmosfera uma quantidade imensa de gases poluentes, como o metano.
É justamente a concentração elevada desses gases que está fazendo a temperatura do planeta subir. Isso significa que o derretimento de um permafrost contribui para aumentar a temperatura do planeta, o que por consequência degela mais níveis desse solo congelado, em um ciclo destrutivo para a vida.
4. Hemisfério Norte concentra maior número de permafrosts
Os permafrosts estão mais presentes no Hemisfério Norte, nas regiões próximas ao Ártico. Esse é o caso do Alasca, da Sibéria, da Groenlândia e do extremo norte do Canadá.
Existem permafrosts em outros pontos do mundo, como no topo de grandes cadeias montanhosas — Andes e o Himalaia, por exemplo, mas a grande parte dessas estruturas se concentra no norte do globo terrestre.
É possível que exista permafrost abaixo da Antártica, mas isso ainda não foi comprovado.
5. O derretimento de todos o permafrost pode ocorrer lentamente, ou não ocorrer
O estudo do derretimento dessas camadas de terra é complexo, pois elas se encontram em áreas remotas. Parte significativa das pesquisas é feita usando imagens de satélite que captam o aumento da temperatura nas camadas superficiais do solo.
Mas não é possível definir se essa mudança climática constatada nas imagens chegou às camadas mais profundas da terra a ponto de derreter por completo o permafrost. Dessa forma, ainda é difícil calcular como o eventual derretimento dessa terra congelada pode afetar as mudanças climáticas atuais.