O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, apoiou nesta segunda-feira a opção de realizar um "vazamento controlado" ao mar da água radioativa armazenada na usina nuclear de Fukushima.
"Despejar a água após tratá-la cuidadosamente é uma prática comum da comunidade internacional", lembrou Amano em entrevista coletiva no Clube de Correspondentes Estrangeiros de Tóquio, e destacou a recomendação que já transmitiu ao Japão de enviar uma missão de analistas do órgão.
"No entanto, é importante contar com a compreensão e apoio das partes afetadas, neste caso, a prefeitura de Fukushima e os pescadores da região", apontou o diretor-geral da AIEA, que insistiu que armazenar a água em contêineres não é "sustentável e não constitui uma solução de longo prazo".
A gestão do volume de líquido radioativo, que era utilizado para esfriar os reatores parcialmente fundidos da central e armazenado em mais de um milhão de tanques, é um dos principais desafios da fábrica.
O plano divulgado pelo operador da central, Tokyo Electric Power (Tepco), e o governo do Japão é despejar a água após filtrá-la com um sistema projetado para retirar 62 tipos de materiais radioativos, exceto o trítio, isótopo que tem meia vida de em média 12 anos.
Quanto ao prazo para desmontar a central, inicialmente estimado em 30 a 40 anos, Amano alertou que será necessário ter acesso aos núcleos fundidos, algo que até agora foi impossível, para avaliar realmente a duração do processo.
"Continuamos a insistir que o Japão deveria realizar a demolição com apoio internacional", acrescentou.
Questionado sobre as informações que denunciaram as péssimas condições de segurança nas quais o pessoal terceirizado realiza os trabalhos de descontaminação em torno da usina, o diretor da AIEA se limitou a lembrar de que seu organismo "só fornece assistência técnica" e que isto é "responsabilidade do governo japonês e da Tepco".
Amano também considerou que as novas regulações de segurança para as usinas nucleares no Japão, estabelecidas por causa do acidente de Fukushima "concordam, em linhas gerais, com os padrões da AIEA. Alguns aspectos, como é a assistência a possíveis terremotos, estão entre os mais restritos do mundo".
O governo do primeiro-ministro Shinzo Abe, que planeja reativar em breve os reatores, se comprometeu a impulsionar a reativação das centrais que cumprirem com estas regulações, apesar de grande parte da opinião pública japonesa estar contra a posição.