Decodificado o genoma da truta arco-íris

22 abr 2014 - 19h29

Uma equipe de cientistas majoritariamente francesa decodificou o genoma da truta arco-íris, um peixe muito popular na psicultura e nas peixarias, trazendo nova luz sobre a evolução dos genomas dos vertebrados.

Esta foi a primeira vez que o genoma de um peixe da família dos salmonídeos (salmões e trutas) é decodificado.

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O genoma da truta arco-íris apresenta uma particularidade interessante para os cientistas: ela sofreu uma "duplicação completa" relativamente recente.

A duplicação completa do genoma corresponde a "uma duplicação repentina do conteúdo nos cromossomos", explicou à AFP Yann Guiguen, do Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica (Inra) de Rennes, que coordena a análise do genoma da truta. Ela pode servir "como motor para a evolução".

"Raros entre os vertebrados", estes eventos, entretanto, conformaram profundamente o conteúdo e a estrutura de seus genomas, incluindo o do homem. O problema é que eles ocorreram há centenas de milhões de anos e que os vestígios da reorganização que se seguiu foram completamente perdidos.

"O interesse da truta é que nós temos uma duplicação mais recente, datada de 100 milhões de anos", afirmou Yann Guiguen.

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A análise de seu genoma mostrou um resultado "muito surpreendente", acrescentou o pesquisador, pois "recuperamos perfeitamente os dois genomas resultantes da duplicação".

Este resultado coloca em discussão uma hipótese comumente aceita, segundo a qual uma duplicação completa de um genoma implica numa evolução rápida de sua estrutura e de seu conteúdo em genes: os genes se perdem, enquanto outros podem evoluir para desempenhar novas funções.

O genoma da truta arco-íris, divulgado esta terça-feira na revista Nature Communications, comporta cerca 46.500 genes funcionais (codificados por proteínas). Os cientistas estimam que o genoma ancestral, antes da duplicação, deveria conter cerca de 31.400.

Após a duplicação, um certo número de genes ficou inativo, mas está sempre presentes no genoma na forma de "pseudogenes" ou "cadáveres de genes" para usar uma expressão cunhada por Yann Guiguen.

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A "taxa de inativação" é avaliada em 170 genes por milhão de anos após a duplicação. Para Yann Guiguen, isto mostra o processo de reorganização pós-duplicação "é, provavelmente, muito mais lento que pensávamos".

Em seus trabalhos, os cientistas usaram trutas arco-íris ("Onchorhynchus mykiss"), fornecidas pela Universidade do Estado de Washington.

Originária da América do Norte, a truta arco-íris é atualmente criada em todos os continentes. A decodificação de seu genoma também abre perspectivas importantes para a aquacultura.

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