Um fóssil gigante descoberto no deserto do Saara deu a cientistas detalhes inéditos sobre o maior dinossauro carnívoro conhecido, o espinossauro.
Com 95 milhões de anos de idade, os restos confirmaram uma antiga teoria: o espinossauro podia nadar.
Cientistas disseram que o animal tinha pés em forma de pás e narinas como as de crocodilo, o que os permitiam submergir com facilidade. A pesquisa foi publicada na revista científica Science.
O principal autor do estudo, o paleontólogo Nizar Ibrahim, da Universidade de Chicago, disse que este era "um dinossauro realmente bizarro". "Ele tinha um pescoço longo, um tronco longo, uma cauda longa e um focinho como um crocodilo."
Além disso, o dinossauro exibia nas costas um triângulo, parecido com uma vela de um barco, que chegava a dois metros de altura.Seu comprimento total podia chegar a 15 metros, do nariz à cauda.
"Quando analisamos as proporções do corpo, vemos que o animal claramente não era tão ágil em terra como os outros dinossauros, então, acho que ele passava um bom tempo na água".
Outros animais desta época, como o plesiossauro e o mosassauro, também viviam na água, mas eles são considerados répteis marinhos e não dinossauros, o que faz com que o espinossauro seja o único dinossauro semi-aquático conhecido.
Foto: National Geographic/ Mike Hettwer
Restos encontrados, mas bombardeados
Os restos do Spinosaurus aegyptiacus foram encontrados há cerca de cem anos no Egito e levados a um museu em Munique, na Alemanha. No entanto, eles foram destruídos durante a Segunda Guerra Mundial, quando uma bomba atingiu o prédio. Alguns desenhos do fóssil sobreviveram ao ataque, mas, desde então, apenas alguns fragmentos do espinossauro foram encontrados.
No entanto, o novo fóssil encontrado no leste do Marrocos por um colecionador particular tem dado aos cientistas uma visão mais detalhada do dinossauro. "Pela primeira vez, podemos reunir as informações que temos dos desenhos do velho esqueleto, os fragmentos de ossos e, agora, este novo fóssil para reconstruir este dinossauro", disse Ibrahim.
A equipe disse que o espinossauro era um animal temível. Segundo os pesquisadores, com mais de quinze metros de comprimento, ele provavelmente era o maior de todos os dinossauros carnívoros, superando até mesmo o tiranossauro rex.
Foto: National Gepgraphic/ Nizar Ibrahim
Bizarro'
Cientistas já suspeitavam que o gigante podia nadar, mas o novo fóssil oferece mais uma evidência de sua existência semi-aquática.
"As proporções eram realmente bizarras. Os membros traseiros eram menores do que em outros dinossauros predadores, as garras do pé eram bem grandes, e os pés tinham quase uma forma de pá", disse Ibrahim.
Ele acrescentou: "Percebemos outras coisas depois. O focinho era muito semelhante ao de crocodilos que se alimentam de peixes, com dentes em formatos de cones". "E mesmo os ossos se parecem mais com os de animais aquáticos do que com o de outros dinossauros".
O triângulo nas costas seria usado mais para atrair parceiros do que para auxiliar no nado.
Os pesquisadores dizem que o espinossauro viveu em um lugar descrito como "o rio de gigantes", um curso de água que se estendia do Marrocos ao Egito.
Cientistas acreditam que esses animais se alimentavam de tubarões gigantes e outros peixes tão grandes quanto um carro, competindo com outros enormes seres, como crocodilos, por presas.