Representantes de trinta países e ONGs se reuniram nesta quarta-feira em Botsuana para tomar medidas contra o tráfico de espécies protegidas, que ameaça a sobrevivência de elefantes, rinocerontes e tigres.
Dois dias depois de uma conferência dedicada inteiramente ao elefante na África, o animal é novamente a estrela da reunião de Kasane, nos arredores dos parques naturais do norte de Botsuana.
Na abertura da reunião, o presidente do Gabão, Ali Bongo, lembrou que seu país, junto a Botsuana, Chade, Etiópia e Tanzânia, pediu uma moratória "de pelo menos dez anos para a venda de marfim, tempo necessário para estabilizar nossas populações de elefantes".
No continente africano restam 470.000 elefantes, mas entre 20.000 e 30.000 são mortos a cada ano, e a população continua a diminuir.
As redes internacionais organizam a caça furtiva e a exportação ilegal de marfim, principalmente para a China ou Tailândia. Lá, as presas de elefantes são transformadas em estátuas ou joias.
"Estamos preocupados em saber que grupos terroristas usam o comércio de marfim como nova fonte de financiamento", acrescentou o presidente do Gabão.
O tráfico de espécies ameaçadas de extinção gera, segundo especialistas, cerca de 19 bilhões de dólares em volume de negócios a nível mundial.
Em discurso inflamado para os delegados de Kasane, o secretário de Estado britânico para o meio ambiente, Lord de Mauley, lembrou os desafios desta luta: "o tráfico ilegal de animais silvestres é grave. É grave porque gera corrupção e instabilidade, é grave porque rouba recursos naturais das comunidades locais, numa escala jamais vista. É grave porque ameaça a própria existência das espécies mais emblemáticas".
A conferência deverá estudar os efeitos das medidas adotadas em 2014 em reunião semelhante realizada Londres.
A reunião em Botsuana "é uma oportunidade para manter e consolidar o elevado nível de vontade política que alcançamos no ano passado em Londres, e chegar a um acordo sobre novas medidas essenciais para combater o tráfico", prosseguiu Lord de Mauley.
Botsuana, atualmente livre da caça furtiva, explicou o método utilizado para preservar sua população de 140.000 elefantes: a cooperação entre exército, polícia e serviços de inteligência e o envolvimento das comunidades rurais são elementos-chave para alcançar este sucesso.
"Os elefantes são muito inteligentes e quando são incomodados num lugar, se mudam para outra área onde sabem que vão estar mais seguros", disse à AFP Michael Chase, que realiza um censo com os elefantes na África para a ONG Elefantes Sem Fronteiras.
"No caso de Botsuana, muitos dos nossos elefantes são refugiados políticos", garante.
A conferência vai continuar com discursos de delegados de outros países, incluindo os sul-africanos, que apresentarão as medidas adotadas contra a caça furtiva de rinocerontes - que explodiu nos últimos cinco anos.
As presas deste pacato herbívoro são usadas na medicina tradicional asiática, e são vendidas em pó a preço de ouro nos mercados asiáticos.