Tartaruga de 182 anos pode ser animal mais velho do planeta

Jonathan, de 182 anos, 'perdeu a chance de conhecer Napoleão' na ilha de Santa Helena

14 mar 2014 - 09h40
(atualizado às 09h41)
Jonathan é praticamente cego, por causa da catarata, e não tem mais olfato  mas sua audição é boa", diz Joe Hollis, um dos guias turísticos da ilha
Jonathan é praticamente cego, por causa da catarata, e não tem mais olfato mas sua audição é boa", diz Joe Hollis, um dos guias turísticos da ilha
Foto: BBC News Brasil

Nosso mundo é cheio de criaturas estranhas e fascinantes, muitas delas que espantam os cientistas até hoje. Seria verdade que uma tartaruga em uma ilha do Oceano Atlântico nasceu na primeira metade do século 19?

Plantation House, na ilha de Santa Helena, é a residência oficial do governador dos territórios britânicos ultramarinos no Sul do Atlântico. Lá vivem Jonathan, Myrtle e Fredrika – três tartarugas das cinco de uma espécie rara que habitam a ilha.

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O animal é um espécime raro de tartaruga-das-seychelles, oriunda da ilha do mesmo nome, que fica no Oceano Índico.
Foto: Rex / BBC News Brasil

A mais velha delas é Jonathan, cuja idade registrada é de 182 anos. Ele é possivelmente o animal mais velho do mundo.

"Ele é praticamente cego, por causa da catarata, e não tem mais olfato – mas sua audição é boa", diz Joe Hollis, um dos guias turísticos da ilha.

O animal é um espécime raro de tartaruga-das-seychelles, oriunda da ilha do mesmo nome, que fica no Oceano Índico. As companheiras de Jonathan são de uma espécie levemente diferente – o jabuti-gigante-de-aldabra, do atol que leva o mesmo nome.

Hoje há poucos jabutis-gigantes-de-aldabra no mundo – apenas 100 mil, mas só algumas dúzias conseguirão se reproduzir.

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Napoleão

A ilha de Santa Helena é famosa por ser isolada no meio do Atlântico Sul (no mapa, é um pequeno ponto entre a Bahia e Angola). Muitas vítimas do tráfico de escravos que adoeciam e não conseguiam completar a viagem da África às Américas ficavam na ilha, onde morriam após poucos dias. Além disso, Santa Helena abrigou Napoleão.

Nenhum dos moradores sabe explicar como Jonathan veio parar aqui. No século 17, os navios costumavam transportar centenas de tartarugas, muitas delas que serviam de refeição aos marinheiros.

Nas ilhas Galápagos, 200 mil tartarugas teriam sido abatidas para servir como refeição.

A pergunta que intriga todos é: como Jonathan escapou deste destino?

Uma hipótese é que o governador da ilha na época, Hudson Janisch, tenha adotado a tartaruga como animal de estimação.

Desde Janisch, 33 governadores já passaram por aqui, e ninguém quer ter a má-sorte de ver Jonathan morrer durante o seu mandato.

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O atual mandatário, Mark Capes, diz que é importante que Jonathan seja "tratado com respeito, atenção e carinho, que ele merece".

Uma foto de 1882 já mostra Jonathan em tamanho adulto. Esta espécie leva 50 anos para crescer ao seu tamanho pleno.

Caso ele realmente tenha 182 anos, Jonathan teria perdido por uma década a chance de "conhecer" Napoleão, que morreu em 1821 – pouco mais de dez anos antes do nascimento de Jonathan, que, segundo a estimativa, teria sido em 1832.

Os anos de "assédio" dificultaram ainda mais a vida de Jonathan. Turistas costumam fazer o possível e o impossível para conseguir registrar uma imagem do animal. Hoje em dia, foi organizada uma fila para que os turistas possam – de longe – fotografar Jonathan.

A tartaruga tem seus privilégios. Ela ganha carinho no pescoço e recebe bananas, repolho e cenouras para comer. Ele costuma comer com tanta ferocidade que uma vez quase perdeu parte de um dos dedos. Por isso, foram colocadas luvas em suas patas.

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Tartarugas desta espécie podem viver até 250 anos. Os moradores da cidade já têm um plano especial de "funeral" para o caso de sua morte. O casco de Jonathan será exposto permanentemente em Santa Helena. Alguns estão até arrecadando dinheiro para criar uma estátua de bronze de Jonathan.

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