Aranha cega, rã voadora e outras 365 espécies são descobertas na Ásia

6 jun 2014 - 14h20

Novas plantas e animais encontrados nos últimos dois anos no Grande Mekong indicam que região é uma das mais ricas em biodiversidade do mundo e precisa ser protegida, alerta WWF.

Um esquilo voador, uma lagartixa paraquedista e um morcego com nariz de folha estão entre as 367 espécies descobertas na região do Grande Mekong, na Ásia, entre 2012 e 2013, divulgou a organização ambientalista WWF, nesta quinta-feira (05/06).

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No relatório Misterioso Mekong, os pesquisadores da organização descreveram 290 novas espécies de plantas, 24 de peixes, 21 de anfíbios, 28 de répteis, três de mamíferos e uma ave. O rio Mekong corre, a partir do sul da China, por Mianmar, Tailândia, Laos, Camboja e Vietnã.

Entre as espécies descritas no relatório está uma aranha-caçadora cega, descoberto numa caverna em Laos pelo aracnologista Peter Jäger, do Museu de História Natural Senckenberg, de Frankfurt. Esse animal é a primeira espécie de aranha dessa família sem olhos, uma característica atribuída a sua vida permanente no escuro.

Um dos novos anfíbios é a rã voadora Helen's Flying Frog, que foi encontrada a menos de 100 quilômetros de Saigon, no Vietnã. A enorme rã desliza de árvore em árvore usando suas grandes membranas das patas e só desce ao chão para se reproduzir nas poças de água acumulada da chuva.

Outra descoberta no Vietnã foi uma nova espécie de Phyllostomidae, um morcego com nariz de folha – carnudo, com formato parecido ao de uma flor e que auxilia no sistema de ecolocalização, ou seja, na detecção de objetos e animais através da emissão de ondas ultrassônicas.

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Também foi descoberta uma nova espécie de esquilo voador, com base num espécime coletado num mercado de carne de caça em Laos. O animal, de pelagem vermelha e branca, é o primeiro registro do gênero no Sudeste Asiático.

No Parque Nacional Kaeng Krachan da Tailândia, que faz fronteira com Mianmar, foi encontrada uma lagartixa paraquedista. O réptil, com pele camuflada, desliza dos galhos para o tronco de árvores, usando a aerodinâmica da pele de seus flancos e entre os dedos das patas.

Alerta para preservação

"Essas espécies descobertas confirmam que o Grande Mekong é realmente uma das regiões mais ricas e com maior diversidade biológica do mundo", afirma a diretora do Programa de Conservação de Mianmar da WWF, Michelle Owen. "O fato de 26 espécies terem sido descobertas no Mianmar, relativamente inexplorado, destaca a necessidade urgente de se investir em conservação, e assegurar a biodiversidade faz parte de uma abordagem de desenvolvimento sustentável e verde."

Segundo o diretor da WWF em Mianmar, Khin Ni Ni Thein, há potencialmente milhares de novas espécies a serem descobertas nas florestas, rios e oceanos do país. "Precisamos garantir que elas sejam identificadas e que seu habitat seja protegido, antes que seja tarde demais", alerta.

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Durante o regime militar – de 1962 a 2011 –, a maioria das pesquisas científicas foi proibida no Mianmar. Os novos animais e plantas são apenas os últimos acrescentados à lista de 2.077 espécies descobertas na região desde 1997.

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