Arqueólogos italianos encontraram um cemitério no porto de Roma, com 2.700 anos de antiguidade, onde acreditam que a variedade de tumbas reflita a natureza multicultural da agitada cidade.
Ostia "era uma cidade que sempre foi muito aberta, muito dinâmica", explicou Paola Germoni, diretora do amplo sítio, o terceiro mais visitado da Itália, depois do Coliseu e de Pompeia.
"O que é novo é que há diferentes tipos de ritos funerários: enterros e cremações", explicou a diretora esta semana.
Os contrastes são ainda mais surpreendentes porque as tumbas são todas de uma mesma família, "em outras palavras, muito extensa, no sentido romano", disse Germoni.
A descoberta é a mais recente revelação de Ostia, depois que em abril arqueólogos anunciaram que as paredes então descobertas demonstravam que a cidade na verdade era 35% maior do que se pensava até então, tornando-a maior do que a antiga Pompeia.
Fundada no século VII a.C., Ostia teria ocupado uma área de 85 hectares e foi, no passado, o estuário do rio Tibre e agora está a cerca de 3 km do mar por causa do assoreamento.
O local onde os últimos funerais foram descobertos fica dentro de um parque com 15.000 metros quadrados, próximo de um castelo da Renascença, nos limites da principal área de escavações da cidade, que tinha docas, armazéns, habitações e seu próprio teatro.
O porto foi fundado por Ancus Marcius, quarto rei de Roma, para dar à sua cidade em desenvolvimento acesso ao mar, assegurando que fosse abastecida com farinha e sal e para evitar que os navios inimigos subissem o Tibre.
Cerca de uma dúzia de tumbas foi encontrada até agora, algumas das quais com tabuletas trazendo inscritas maldições para afugentar eventuais saqueadores.
O cemitério "atesta o livre arbítrio que todo mundo tinha com seu próprio corpo, uma liberdade que as pessoas deixaram de ter na era cristã, quando o sepultamento se tornou a norma", disse Germoni.
As escavações mais recentes, iniciadas em 2012, também revelaram no local um lar aristocrático com assoalho policromático.