Canibalismo sexual das tarântulas depende de "personalidade"

20 jun 2014 - 10h11

As tarântulas fêmeas costumam praticar o canibalismo sexual, geralmente, depois de ter copulado com um macho, mas um novo estudo revela que este comportamento agressivo pode ocorrer antes disso dependendo da "personalidade" de cada fêmea.

A personalidade violenta destas fêmeas de aracnídeos, ligada a sua voracidade alimentícia, determina se haverá canibalismo ou cópula, explicou em declarações à Agência EFE Rubén Rabaneda-Bueno, pesquisador da Estação Experimental de Zonas Áridas (EEZA-CSIC) e que participou do estudo.

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"Além disso, o canibalismo pré-cópula pode gerar um alto custo para a reprodução, já que esta ação não garante que o esperma irá fecundar seus ovos durante a temporada de reprodução", afirmou o especialista.

O estudo, publicado na revista "Ethology" e realizado na região subdesértica da província de Almeria (sudeste da Espanha), tomou como referência a aranha Lycosa Hispanica, mais conhecida como tarântula ibérica.

Esta tarântula vive aproximadamente dois anos. Durante esse tempo, pode copular com cinco ou seis machos, que são um pouco menores que as fêmeas. De cada copulação pode nascer até 500 filhotes.

O canibalismo sexual, o ataque e o consumo de machos pelas fêmeas antes ou depois da cópula é um comportamento adaptativo praticado por um terço das fêmeas dessa espécie de tarântula. Quanto mais machos disponíveis, mais a ação será frequente.

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Um dos experimentos para avaliar a personalidade da tarântula fêmea consistiu em oferecer machos, escolhidos ao acaso, às fêmeas ainda virgens, e constatar se copulavam com eles ou os comiam.

Porém, antes mesmo desse teste, já tinha sido comprovada a voracidade das fêmeas dando a elas presas como escaravelhos ou oniscidea, alimento comum para elas, para estimar sua taxa de engorda.

Ao analisar todos os dados, foi observada uma correlação da agressividade entre "o contexto de acasalamento e o contexto de alimentação". Quanto mais comem e mais vorazes são, mais tendem ao canibalismo antes de ter a primeira cópula.

Outra conclusão do estudo é que existe uma genética agressiva variável entre as fêmeas. Algumas atuem de maneira mais agressiva quando se alimentam de presas e quando um macho as corteja. Outras, no entanto, são mais dóceis em ambas as situações.

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Além disso, o canibalismo sexual, normalmente praticado à noite, é uma forma das fêmeas mais dóceis escolherem seus parceiros, já que embora canibalizem machos de pior qualidade se emparelham com os de maior qualidade.

No entanto, as fêmeas mais agressivas e vorazes canibalizam machos independente de sua qualidade. Isso mostra que esta maneira de proceder "não é uma forma de escolha de parceiro". Esta situação é alheia à envergadura física dos machos: as fêmeas de tarântula ibérica mais agressivas não distinguem entre macho ou alimento.

Rubén Rabaneda-Bueno lembrou que nos aracnídeos há diferentes personalidades e o canibalismo sexual é um exemplo clássico do que se conhece como "síndrome comportamental".

Nesta espécie, o canibalismo dos machos representa uma grande vantagem biológica para conseguir nutrientes, especialmente o nitrogênio necessário para as proteínas, tão raro nas paisagens desérticas, mas necessário para poder manter os filhotes.

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