Cientistas divulgaram nesta quarta-feira (5) a descoberta de uma nova espécie de dinossauro, considerada a maior já encontrada no País. O fóssil foi achado na década de 1950, em São Paulo, pelo paleontólogo Llewellyn Ivor Price, e estava guardado no Museu de Ciências da Terra, localizado no bairro da Urca, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, vinculado ao CPRM - Serviço Geológico Brasileiro.
O material ainda não havia sido analisado, segundo os cientistas, por falta de verba. O estudo foi realizado graças a uma parceria entre pesquisadores do Museu de Ciências da Terra e do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além da Petrobras e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Batizado de Austroposeidon magnificus, o dinossauro media cerca de 25 metros de comprimento. Com base nas características anatômicas, o animal pode ser classificado no grupo dos titanossauros, animais herbívoros de corpo bem desenvolvido, pescoço e cauda longos e um crânio relativamente pequeno.
No Brasil, já foram encontradas nove espécies de titanossauros. Até a descoberta do Austroposeidon, o maior dinossauro brasileiro era o Maxakalisaurus topai, que tinha mais de 13 metros de comprimento.
Parte do material desta nova espécie foi analisada com auxílio de um tomógrafo, para acessar a parte interna dos ossos. Esse estudo revelou a presença de características novas para a classe dos titanossauros, tais como anéis de crescimento intercalados com um tecido ósseo mais denso, cujo significado, segundo os pesquisadores, ainda não foi bem compreendido.
De acordo com o estudo, a descoberta do Austroposeidon não apenas contribui com novas informações anatômicas e evolutivas para os dinossauros, mas também mostra que espécies gigantes reinavam no país há milhões de anos.
Os restos desse animal foram coletados nas cercanias da cidade de Presidente Prudente, sudoeste do estado de São Paulo, e suas características são muito semelhantes a espécies argentinas também enormes, como o Mendozasaurus e o Futalognkosaurus.
De acordo com o paleontólogo Alexander Kellner, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a descoberta é importante por apontar a possibilidade de que espécies ainda maiores tenham vivido no Brasil.
"Reforça o que chamamos de paleodiversidade, que é a variedade de espécies desses animais. Todos nós, desde o Pryce, já imaginávamos que existiam animais desse porte, mas não podíamos evidenciar ou provar. Hoje, demos este passo e, com isso, é natural afirmar que existe sim, a possibilidade de encontramos outros ainda maiores", afirmou.
O material encontrado e uma reconstrução do braço do animal em tamanho natural estarão expostos no Museu de Ciências da Terra para visitação pública a partir de amanhã (6).