Cientistas desenvolvem droga que bronzeia a pele sem expô-la ao risco de câncer

Uso comercial ainda está longe de ser realidade; testes revelam que até pessoas de pele mais clara poderiam ser beneficiadas com substância.

14 jun 2017 - 13h18
(atualizado às 17h30)
Praia
Praia
Foto: BBC News Brasil

Cientistas desenvolveram uma droga que imita a luz do Sol para bronzear a pele, sem os riscos associados à exposição aos raios ultravioleta.

A substância estimulou a produção de melanina, que confere pigmentação ao corpo, em experimentos com pedaços de pele e em camundongos.

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Os testes revelam que até pessoas de pele mais clara, que normalmente se queimam mais facilmente no Sol, podem ser beneficiadas com a droga.

Uma equipe do Hospital Geral de Massachusetts, responsável pela pesquisa, espera que a descoberta possa prevenir o câncer de pele e até reduzir a aparência envelhecida que pode resultar do excesso de exposição ao Sol.

'Bronzeado potente'

Os raios ultravioleta deixam a pele bronzeada ao causar-lhe danos. Isso deflagra uma cadeia de reações químicas na pele que provoca a produção de melanina - o protetor solar natural do corpo.

A nova droga é esfregada na pele para impedir o dano e, assim, estimular a produção do pigmento sem a influência da radiação.

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David Fisher, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, disse que a droga tem "um potente efeito bronzeador".

"Pelo microscópio, podemos ver a melanina de verdade, ativando a produção do pigmento sem a influência dos raios ultravioleta", diz.

A droga tem um resultado diferente do obtido com o spray de bronzeamento, que "pinta" a pele sem proteção da melanina. Também difere das camas de bronzeamento, que expõem a pele à luz ultravioleta, e das pílulas que supostamente elevam a produção do pigmento, mas também demandam exposição solar.

A equipe, contudo, diz que o foco da pesquisa não é produzir um novo cosmético.

Fisher diz que a falta de progresso no combate ao câncer de pele - o tipo mais comum de câncer - foi "uma frustração muito significativa" que motivou a investigação.

"Nosso verdadeiro objetivo é desenvolver uma estratégia inovadora para proteger a pele da radiação UV e câncer", diz.

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"O pigmento escuro (da pele) é associado a um risco mais baixo de todas as formas de câncer de pele - isso seria incrível", acrescenta.

Os experimentos, detalhados na revista científica Cell Reports, mostraram que a melanina produzida pela droga foi capaz de bloquear raios ultravioleta nocivos.

Ruiva na praia
Foto: BBC News Brasil

Em última análise, os cientistas querem combinar a droga com protetor solar para aumentar a proteção contra a radiação.

Fisher diz que é "absolutamente" necessário usar protetor solar, mas há o problema da falta de bronzeamento com o uso.

Uso comercial?

A droga ainda não está pronta para o uso comercial. Embora até agora os resultados tenham sido promissores, os pesquisadores querem fazer mais testes de segurança.

Matthew Gass, da Associação Britânica de Dermatologistas, disse que o estudo traz "uma abordagem única" para prevenir o câncer de pele.

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"São necessárias mais pesquisas antes de podermos ver essa tecnologia sendo usada por humanos. No entanto, certamente é uma proposta interessante", diz.

"As taxas de câncer de pele no Reino Unido estão disparando. Qualquer pesquisa que possa prevenir as pessoas de desenvolver câncer de pele é bem-vinda", acrescenta.

No Brasil, apesar de não ser o mais letal, o câncer de pele também é o mais frequente, correspondendo a 30% de todos os tumores. Em 2013, morreram mais de mil pessoas vítimas da doença.

A droga também pode reduzir a aparência envelhecida, resultado do excesso de exposição ao Sol. "Muitas pessoas dizem que o óbvio e mais contundente sinal de envelhecimento é a aparência da pele", diz Fisher.

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"Trata-se de algo quase que impossível de ser combatido com remédios, mas podemos usá-la para deixar a pele com uma aparência mais saudável por mais tempo", conclui.

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