Cientistas desvendam mistério das 'pedras que andam' nos EUA

Tema era estudado desde 1940, mas somente agora dois cientistas conseguiram presenciar o fenômeno

31 ago 2014 - 11h05
(atualizado às 11h14)
Fenômeno era investigado desde os anos 1940 e não havia sido testemunhado até agora
Fenômeno era investigado desde os anos 1940 e não havia sido testemunhado até agora
Foto: AP / BBC News Brasil

Pesquisadores americanos conseguiram resolver um mistério científico que já durava décadas: as "pedras que andam" no Vale da Morte, no deserto de Mojave, na Califórnia. 

Algumas destas pedras chegam a pesar 300 kg. Elas ficam em um lago seco, plano e rodeado por montanhas. Em algumas épocas do ano, este lago se enche com água da chuva, que evapora rapidamente.

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Estas pedras se movem, deixando um rastro na terra por dezenas de metros. Mas, desde que elas começaram a ser estudadas por cientistas, nos anos 1940, ninguém as havia visto se mover.

Isso fez com que surgissem várias teorias para o fenômeno, algumas delas bastante exóticas, atribuindo seu movimento a campos de energia poderosos, ao magnetismo da Terra e até mesmo a extraterrestres.

Até que finalmente, em dezembro passado, o pesquisador Richard Norris, da Universidade da Califórnia, em San Diego, nos Estados Unidos, e seu primo James Norris puderam presenciar e captar em imagens o fenômeno.

Capa de gelo

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Eles explicam em um estudo publicado nesta semana na revista PLOS ONE que tudo começa quando a chuva produz uma capa de água sobre o terreno seco, criando um lago superficial.

Durante a noite, essa água se congela, formando uma capa de gelo de cerca de três a seis milímetros na qual ficam presas as bases das rochas.

Quando o sol sai, o gelo começa a quebrar, criando placas de vários metros de largura que se deslocam com o vento.

Assim, as pedras se movem sobre o barro, impulsionadas pelas placas de gelo, a uma velocidade de dois a cinco metros por minuto, formando os famosos sulcos na terra.

As trajetórias dependem da velocidade e da direção do vento e da água que se encontra abaixo do gelo.

Segundo Richard, o fenômeno não é frequente porque quase não chove no Vale da Morte, e as temperaturas médias são elevadas.

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Chuva, frio e vento

Para que possa ocorrer, é preciso que tenha chovido e que a temperatura baixe a cerca de 0ºC antes que a água evapore.

Por fim, o vento precisa ter força suficiente para mover as placas e, junto com elas, as rochas.

Na época em que Richard e James presenciaram o fenômeno, no fim de 2013, havia chovido bastante na região e até mesmo nevado.

Há alguns meses, Ralph Lorenz, pesquisador do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, em Maryland, e um dos autores do estudo publicado nesta semana, explicou por que havia sido difícil captar o movimento das rochas.

"Elas estão em uma área remota, de difícil acesso e protegida, onde não se pode acampar e há muitas restrições do que as equipes podem levar para lá", disse.

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Além disso, "a maioria dos deslocamentos ocorre quando está frio, chovendo e ventando, o que dificulta captá-los."

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