Estados Unidos e China, os maiores emissores de gases causadores do efeito estufa, poderiam diminuir em quase um quarto a meta de redução de emissões até 2020, exigida para conter o aquecimento global - afirmaram cientistas nesta terça-feira.
Se mudarem rapidamente suas práticas para efetuar cortes profundos nas emissões de combustíveis ricos em carbono, como o carvão e o petróleo, os dois países reduziriam suas emissões em 2,8 gigatoneladas de carbono equivalente (GtCO2e) com base nas projeções atuais para 2020, revelou uma análise da ONG Climate Action Tracker (CAT).
Isso significa que os dois países, sozinhos, poderiam "preencher 23% da lacuna de emissões", de cerca de 12 GtCO2e, projetada para 2020.
Regularmente atualizada por cientistas da CAT, a lacuna de emissões é a diferença entre os cortes necessários para alcançar a meta das Nações Unidas de limitar o aquecimento global a 2ºC, com base nos níveis anteriores à Revolução Industrial, e o que tem sido alcançado nas atuais políticas nacionais.
Em 2030, as reduções coletivas de Estados Unidos e China poderiam ser de até 6,7 GtCO2e, acrescentou o CAT em seu informe, divulgado enquanto negociadores se reuniam em Bonn, na Alemanha, para negociar um novo pacto climático internacional. A expectativa é de que seja assinado em 2015.
A análise se baseou em um cenário da "melhor prática global", que prevê reduções muito maiores do que as contempladas tanto pela China quanto pelos Estados Unidos em seus planos nacionais.
"China e Estados Unidos discutem atualmente suas pretendidas 'contribuições nacionais determinadas' para um acordo climático internacional em 2015", destacou o informe.
"Ao determiná-las, eles estarão olhando de perto a proposta da outra parte. Como os maiores emissores de gases de efeito estufa, ambos poderiam se orientar para melhorar significativamente sua ação na direção da melhor prática global", prosseguiu.
Contudo, a expectativa é de que a utilização de carvão pelos dois países no futuro é compatível com a meta de 2ºC - acrescentou o documento.
"As políticas atuais, segundo as quais os Estados Unidos reduzem o (uso do) carvão em cerca de 20%, e a China estabiliza o uso de carvão até 2030, estão longe das reduções profundas indicadas", continuou.
As negociações em Bonn devem criar as bases para as negociações em nível ministerial previstas para acontecer em dezembro em Lima.
Já a cúpula peruana deve abrir o caminho para a assinatura de um pacto em Paris em 2015 e que deve reunir, pela primeira vez, 195 países, ricos e pobres, na mesma arena de compromissos a partir de 2020.