Um estudo revelou altos níveis de substâncias químicas tóxicas em utensílios de cozinha feitos de plástico preto, aumentando o risco de câncer.
Um novo estudo realizado pela organização Toxic-Free Future e pela Vrije Universiteit Amsterdam revelou que colheres de cozinha feitas de plástico preto podem apresentar risco cancerígeno. A pesquisa identificou altos níveis de produtos químicos que desregulam hormônios em diversos itens domésticos fabricados com esse tipo de plástico.
Publicado na edição de outubro da revista Chemosphere, o estudo destaca os perigos associados à ausência de restrições sobre o uso de substâncias tóxicas em plásticos, como os retardantes de chama.
Esses produtos químicos são frequentemente usados em eletrônicos e, ao serem reciclados, acabam contaminando objetos de uso cotidiano, como brinquedos e utensílios de cozinha.
Megan Liu, uma das autoras do estudo, alertou sobre a gravidade da situação. “As empresas continuam a usar retardantes de chamas tóxicos em eletrônicos de plástico, e isso gera exposições tóxicas inesperadas”, afirmou Liu em comunicado emitido pela Toxic-Free Future.
Ela acrescentou que "esses produtos químicos causadores de câncer não deveriam ser usados para começar, mas com a reciclagem, eles estão entrando em nosso ambiente e em nossas casas de mais de uma maneira. Os altos níveis que encontramos são preocupantes”.
O estudo revelou que 85% dos produtos analisados continham substâncias químicas tóxicas. Entre os itens com maior concentração estavam bandejas de sushi e espátulas. Os pesquisadores também constataram que o plástico mais comumente utilizado em eletrônicos, à base de estireno, apresentava níveis significativamente mais altos de toxicidade em comparação com outros plásticos, como polipropileno e nylon.
De acordo com os cientistas, a contaminação desses utensílios ocorre devido ao uso de materiais reciclados de lixo eletrônico na fabricação de itens domésticos. Pesquisas anteriores da Toxic-Free Future já haviam demonstrado que a maioria das televisões continha retardantes de chamas tóxicos, e que essas substâncias podem escapar dos produtos, contaminando a poeira e o ar dentro de casa, além de poluir a água, o suprimento de alimentos e, eventualmente, nossos corpos.