Embora os humanos convivam com os gatos há milhares de anos, os cientistas não sabiam até agora como esses animais emitem os sons de ronronar. No entanto, graças a novas pesquisas, uma parcela desse mistério milenar parece estar próxima de ser resolvida.
Segundo a nova pesquisa publicada na revista Current Biology no dia 3 de outubro de 2023, o ronronar dos gatos provavelmente pode vir de uma estrutura única na caixa vocal dos felinos, que atuam como "almofadas" especiais na produção desses curiosos sons de frequência baixa.
Particularidades do som
Muitos sons produzidos por animais só existem por conta do ar que é empurrado através da laringe — ou caixa vocal —, onde ele faz as cordas vocais vibrarem e emitirem sons. É assim, por exemplo, que os seres humanos conseguem cansar e os gatos conseguem emitir sons, como os seus característicos miados.
Anteriormente, pesquisadores pensavam que os gatos ronronavam contraindo e liberando ativamente os músculos da caixa vocal para criar um som rítmico à medida que o ar era empurrado. Para investigar mais esse processo, os investigadores injetaram ar nas laringes extraídas de gatos que haviam sido sacrificados por conta de doenças terminais.
Os cientistas descobriram que os órgãos produziam sons semelhantes aos ronronados simplesmente por terem ar soprado através deles. Esse é um movimento que ocorre sem nem mesmo que nenhum dos músculos da laringe se contraíam ou relaxem completamente. Além disso, as cordas vocais dos gatos vibram de maneira bem semelhante à vibração das cordas vocais humanas enquanto produzem o "som de gargarejo".
Funcionalidade do ronronar
De maneira simplificada, o ronronar é um som de frequência muito baixa que um animal pequeno como um gato é capaz de emitir. Em geral, animais com cordas vocais mais longas produzem sons mais graves do que aqueles com cordas vocais mais curtas. Inclusive, é por esse motivo que os ratos têm "vozes" mais estridentes do que as nossas.
Porém, apesar de seus tamanhos, os gatos utilizam suas "almofadas" de tecido presas às cordas vocais para vibrar em frequências ainda mais baixas do que um animal normalmente conseguiria. Contudo, os pesquisadores ainda ressaltam que chegar a uma conclusão definitiva sobre como os gatos são capazes de ronronar pode ser algo muito mais complexo de se resolver do que qualquer pessoa poderia imaginar.
Teoricamente, cientistas poderiam simplesmente colocar um felino em uma máquina de ressonância magnética funcional (fMRI) e observar o que acontece dentro do seu corpo enquanto ele ronrona. No entanto, para que isso funcionasse, o gato precisaria ser amarrado de forma que permanecesse completamente imóvel dentro do scanner e, ao mesmo tempo, ainda teria que ser convencido a ronronar durante esse período — o que torna esse um experimento não apenas eticamente problemático como também extremamente improvável.
Por esse motivo, a recente descoberta a respeito da estrutura bastante única detectada na caixa vocal dos nossos amigos felinos já é um passo importante para entendermos mais sobre como essas incríveis criaturas se comportam. No futuro, a esperança é encontrar métodos não invasivos para explorarmos ainda mais as ações dos nossos pets.
