Foi encontrado, na cidade de São Gabriel, no Rio Grande do Sul, um crânio completo de um dinocefálio do período Permiano, que viveu entre 279 e 260 milhões de anos atrás.
Chamada Pampaphoneus biccai, a criatura era conhecida apenas pelos restos mortais de um indivíduo, também encontrado no Brasil, e a nova descoberta vem ajudar a ciência a saber mais sobre o bicho, que, por ser um terapsídeo, foi um parente distante de nós, mamíferos.
O animal viveu logo antes da extinção em massa do final do Permiano, a maior de todas que o planeta já viu, tendo eliminado 86% de todas as espécies animais. Antes disso, os dinocefálios estavam entre os maiores grupos de grandes bichos que prosperavam em terra. Seu crânio avantajado e extremamente espesso lhes conferiu o seu nome — dinocefálio significa "cabeça terrível", em grego.
Dinocefálios no Brasil
Os dinocefálios eram animais de tamanho médio a grande com representantes tanto no grupo dos carnívoros quanto dos herbívoros. Embora seus fósseis sejam bastante conhecidos no sul da África e no leste europeu, suas aparições são raras em outras partes do globo. O P. biccai é a única espécie do grupo no Brasil, e era um predador habilidoso, uma criatura carnívora capaz de se alimentar de animais de tamanho pequeno a médio.
Pampaphoneus biccai é muito importante porque confirmou a presença dos dinocefálios na América do Sul. Até então tudo o que tínhamos deles eram alguns dentes e fragmentos, e eram colocados em dúvida pela comunidade científica. (Sim, esse sou eu em 2009) + pic.twitter.com/WeMUOPj60N
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Seus maiores exemplares chegavam a quase 3 metros de comprimento e pesavam cerca de 400 kg, segundo estimativas dos cientistas. O crânio encontrado na Formação Rio do Rastro, no interior da parte rural de São Gabriel, junto a outros restos de seu esqueleto, como costelas e ossos do braço, vem para ajudar a ciência a entender a estrutura comunitária do ecossistema terrestre logo antes da maior extinção de todos os tempos, segundo os pesquisadores.
O fóssil estava em meio a rochas do Permiano, em uma área onde os ossos preservados são pouco comuns. Sabendo mais sobre a criatura através desses novos restos, podemos diferenciá-la melhor de seus parentes no leste europeu, segundo os cientistas. Esse segundo crânio de P. biccai é maior do que o primeiro, e sua preservação excepcional nos informa muito mais sobre a morfologia da criatura.
Ou seja, os dois crânios que temos ainda não seriam adultos. Um crânio de Pampaphoneus adulto ainda teria que ser encontrado. Talvez em 2029? quem sabe... + pic.twitter.com/P6t3ht742B
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No estudo, é dito que o dinocefálio cumpria o mesmo papel ecológico que os grandes felinos nos dias de hoje, e ainda era o maior predador terrestre conhecido do Permiano na América do Sul. Seus dentes eram grandes e afiados, adaptados para capturarem presas, e fortes o suficiente para mastigar ossos, como as hienas dos dias de hoje. Vale lembrar que o Rio Grande do Sul é uma grande fonte de fósseis, que segue prolífera — recentemente, reencontramos um sítio arqueológico perdido há 70 anos no estado.
Fonte: Zoological Journal of the Linnean Society
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