Brasileiro do projeto Rosetta diz ter realizado um sonho

Engenheiro que atuou durante três anos na missão espacial comemorou sucesso do pouso do módulo Philae em um cometa, fato histórico para a comunidade científica

13 nov 2014 - 07h17
(atualizado às 15h20)

O engenheiro brasileiro Lucas de Mendonça Fonseca, 30 anos, comemorou nesta quarta-feira o que foi, “para a comunidade científica, um dos maiores feitos dos últimos tempos”: o pouso bem-sucedido do módulo Philae na superfície do cometa Churyumov-Gerasimenko. O módulo pertence à sonda Rosetta, desenvolvida pela Agência Espacial Europeia (ESA), e Fonseca foi o único profissional não europeu que integrou o time responsável pelo Philae.

<p>Lucas Fonseca foi o único profissional não europeu a participar da equipe que desenvolveu o módulo de pouso Philae, da sonda Rosetta</p>
Lucas Fonseca foi o único profissional não europeu a participar da equipe que desenvolveu o módulo de pouso Philae, da sonda Rosetta
Foto: Arquivo pessoal

O fato histórico aconteceu às 14h02 de quarta-feira, dia 12 de novembro de 2014. Nos próximos dias, o módulo percorrerá a superfície do cometa para estudar sua composição. O objetivo é buscar respostas sobre a formação do sistema solar e, possivelmente, sobre a origem da vida na Terra.

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“É muito gratificante, tive muita sorte de participar desse projeto”, disse Fonseca, que afirmou ter realizado um sonho antigo. “Eu tinha um sonho de infância de trabalhar com projetos espaciais”. Também pensava em ser astronauta? “Não, nunca passou pela minha cabeça ser astronauta.”

Convite

Fonseca, que é de Santos (SP), se formou em engenharia mecatrônica na Universidade de São Paulo (USP) e fez mestrado em engenharia espacial no Instituto Superior de Aeronáutica e Espaço (Isae), da França. Segundo ele, foi o fato de estar nesse instituto que abriu portas para que fosse convidado a fazer sua dissertação na Agência Espacial Alemã, que é ligada à ESA e era justamente a responsável pelo módulo de pouso Philae. O tema da dissertação foi o módulo e, como gostaram do resultado, Fonseca foi integrado ao projeto.

Projeto começou a ser concebido em 1994 e a sonda Rosetta foi lançada em 2004
Foto: ESA/ Getty Images

“Eu desenvolvia modelos matemáticos para tentar antecipar o pouso, ou seja, para tentar simular a situação real em que o pouso aconteceria. Tudo nesse projeto é inédito”, disse o engenheiro, que trabalhou na missão Rosetta de dezembro de 2009 a dezembro de 2012, quando deixou a cidade de Colônia, na Alemanha, e voltou para o Brasil.

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Desafios

O projeto começou a ser concebido em 1994 e a sonda Rosetta foi lançada em 2004. Foi apenas em 2014, no entanto, que a sonda chegou ao seu destino, o cometa. “O maior desafio, na minha opinião pessoal, era o pouso. Temos muito a comemorar. Para a comunidade científica é um dos maiores feitos dos últimos tempos. Havia uma expectativa baixa de que teríamos sucesso no pouso, mas tivemos êxito”, disse Fonseca.

Formato do cometa surpreendeu. Ele tem, na verdade, o formato de um pato de borracha", diz Fonseca
Foto: BBC News Brasil

O engenheiro diz ainda que o formato do cometa surpreendeu. “Nós tínhamos a ideia de que o cometa tinha a forma de uma batata, mas ele tem, na verdade, o formato de um pato de borracha. Com uma forma bizarra, o campo gravitacional também é bizarro. Isso dificulta o cálculo da trajetória do módulo, desde o momento de separação até o momento em que ocorre o pouso”, explicou.

Origem da vida

Esta é a primeira vez que um artefato realiza um pouso em um cometa. De acordo com Fonseca, a missão é importante porque os cometas são astros que, geralmente, mantêm a estrutura da sua formação inicial.

Missão Rosetta tem 1ª permissão para pouso em cometa
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“Por que fomos atrás de um cometa? O cometa habita regiões extremas do sistema solar e se aproxima raramente. Quando estão perto da Terra, temos a oportunidade de visitar. Visitar um cometa é o primeiro passo para entender como era o sistema solar no início da sua formação. Por isso esse projeto é tão interessante. Vai nos ajudar a entender de onde viemos e para onde podemos ir. Isso faz parte da essência humana de querer entender o que não se conhece, entender de onde veio a vida.”

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Fonte: Terra
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