Cientistas acreditam ter encontrado primeira lua de fora do Sistema Solar

Se descoberta for confirmada, exolua teria o tamanho e a massa de Netuno e orbitaria um planeta grande como Júpiter.

28 jul 2017 - 09h15
(atualizado às 10h01)
Ilustração: onde há exoplanetas, possivelmente há exoluas
Ilustração: onde há exoplanetas, possivelmente há exoluas
Foto: BBC News Brasil

Uma equipe de astrônomos pode ter descoberto a primeira lua fora do Sistema Solar.

Se a descoberta for confirmada, a exolua teria o tamanho e a massa de Netuno e poderia orbitar um planeta grande como Júpiter, mas com 10 vezes sua massa.

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Os sinais da possível lua foram registrados pelo telescópio espacial Kepler. Agora os astrônomos planejam usar o Hubble, em outubro, para realizar mais observações e confirmar a hipótese.

Um artigo sobre a possível descoberta, que faz parte do projeto Hunt for Exomooons with Kepler - (Caça a Exoluas com Kepler, em tradução livre para o português), foi publicado no site de publicações científicas Arxiv.

Até hoje, os astrônomos já descobriram mais de 3.000 exoplanetas - planetas que orbitam estrelas diferentes do Sol.

A caça às exoluas - que orbitariam esses planetas distantes - prosseguiu em paralelo. Mas, até agora, não foram detectados satélites extrassolares dadas as limitações das tecnologia atual.

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David Kipping, professor assistente de astronomia da Universidade de Columbia em Nova York, afirma que passou "a maior parte de sua vida adulta" à procura de exoluas. Em relação à possível descoberta, ele pede cautela:

"A gente poderia descrever, por enquanto, simplesmente como algo consistente com uma lua, mas, de repente, pode ser outra coisa", afirma.

O telescópio espacial Kepler busca por planetas procurando pequenas oscilações no brilho das estrelas que ocorrem quando um planeta passa em frente a ela - evento conhecido como "trânsito". Para encontrar as exoluas, os pesquisadores observam a redução da luminosidade das estrelas antes e depois deste fenômeno.

O sinal promissor foi registrado durante três trânsitos - menos do que os astrônomos gostariam para anunciar com segurança uma descoberta.

Pesquisadores vão continuar as observações com o telescópio Hubble em outubro
Foto: BBCBrasil.com

A pesquisa - conduzida por Kipping, Alex Teachey, seu colega na Universidade de Columbia, e o cientista Allan R. Schmitt - atribuiu um nível de confiança "quatro sigma" ao sinal registrado. O nível de confiança descreve o quão improvável é que um resultado experimental seja simplesmente um acaso. Se você pensar no jogo de 'cara ou coroa', seria o equivalente a tirar 15 'caras' seguidas.

Mas, segundo Kipping, essa não seria a melhor maneira de avaliar a potencial descoberta.

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"Estamos entusiasmados... estatisticamente, formalmente, é uma probabilidade muito alta. Mas nós confiamos realmente nas estatísticas? Isso é algo não quantificável. Até que a gente obtenha as observações do Hubble, seria 50% de chance, na minha opinião", pondera.

O candidato a lua é conhecido como Kepler-1625b I e foi observado em um sistema situado a quatro mil anos-luz da Terra.

Uma teoria atual da formação planetária sugere que o corpo celeste, que orbitaria um planeta com a massa de Júpiter, provavelmente não se formou ali, mas teria sido capturado pela gravidade do planeta em uma fase avançada da evolução do seu sistema planetário.

Os pesquisadores não encontraram nenhum indício de uma lua do tamanho de Netuno na literatura, mas Kipping observa que não há nada na física que a impeça de existir.

Outros possíveis candidatos surgiram no passado, mas nenhum foi confirmado até agora.

"Eu diria que é o melhor (candidato) que já tivemos", avalia Kipping.

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"Quase sempre que esbarramos em um candidato, e ele passa nos nossos testes, nós inventamos mais testes até que ele é finalmente eliminado - até que ele falhe em um dos testes... neste caso, aplicamos todos os testes que já fizemos e ele passou em todos. Por outro lado, só tivemos três eventos", acrescenta.

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