Nasa: montanha em Marte pode ter surgido de sedimentos de um lago

8 dez 2014 - 21h27

Uma montanha marciana pode ter se originado com o tempo a partir de sedimentos de um lago, afirmaram cientistas da Nasa, que seguem os passos da sonda Curiosity, que esquadrinha o Planeta Vermelho.

A última análise se baseia em rochas descobertas nos aclives do Monte Sharp, situado, estranhamente, no centro de uma cratera de Marte.

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Embora ainda não estejam certos de quanto tempo o vizinho da Terra teve umidade em sua história, para os cientistas foi uma "grande surpresa" descobrir rochas inclinadas e um solo que indica a existência do leito de um lago na cratera, disse John Grotzinger, cientista do projeto Curiosity, do Instituto de Tecnologia da Califórnia.

Conhecidos como estratos inclinados, este tipo de formação geológica é chave para a compreensão de como se forma o planeta. Mas é difícil encontrar exemplos disso, inclusive na Terra, disse o especialista a jornalistas.

"Quando vimos os estratos inclinados e comprovamos que se inclinavam na direção do Monte Sharp foi uma grande surpresa", disse.

"Onde agora há uma montanha, pode ter havido alguma vez uma série de lagos", prosseguiu.

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As fotos e os dados do solo marciano coletados pela Curiosity nas camadas sedimentares mais baixas do Monte Sharp, que chega a cerca de 5 Km de altitude, ajudaram os cientistas a descobrir que os rios no passado transportaram areia e lodo para o lago, depositando sedimentos na foz do rio.

Este processo pode ter se repetido mais de uma vez até formar um delta.

"Depois que a cratera se encheu até, pelo menos, centenas de metros e os sedimentos se solidificaram e se tornaram rochas, com o tempo as camadas acumuladas de sedimentos foram esculpidas com esta forma montanhosa e através da erosão do vento, que talhou o material que havia entre o perímetro da cratera e o que agora é a borda da montanha", explicou a Nasa em um comunicado.

Acredita-se que, bilhões de anos atrás, o Planeta Vermelho fosse muito mais quente e tivesse uma atmosfera mais densa por ter suportado água líquida e possivelmente alguma forma de vida.

Os últimos dados "tendem a indicar que Marte era quente e úmido antes do que pensávamos, cerca de 3,5 bilhões de anos atrás", disse Ashwin Vasavada, segundo cientista do projeto Curiosity no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa em Pasadena, ao norte de Los Angeles.

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"O que não sabemos é se foi de forma contínua ou esporádica", disse a jornalistas.

A sonda da agência espacial americana, que custou US$ 2,5 bilhões, explora Marte desde que pousou na cratera Gale, em 2012, e viajou oito quilômetros desde que tocou o solo marciano.

À medida que o veículo subir, os cientistas esperam entender melhor como a montanha se formou e o que ocorreu bilhões de anos atrás em Marte, que agora é um planeta frio e seco, com uma atmosfera muito fina.

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