Estudante faz descoberta que pode salvar atletas com problemas no coração

21 ago 2014 - 13h41

James Gallagher

Editor de Saúde da BBC News

Um estudante britânico de 18 anos fez uma descoberta científica que pode ajudar a salvar as vidas de atletas negros portadores de problemas cardíacos não diagnosticados.

Henry Roth provou que são necessários exames diferentes para detectar a cardiomiopatia hipertrófica em atletas brancos e negros, algo que atualmente não é feito.

A cardiomiopatia hipertrófica é um problema hereditário e causa o aumento do músculo cardíaco, o que aumenta o risco de uma parada cardíaca repentina.

Roth decidiu investigar o problema depois da morte de um tio dele, de apenas 21 anos, devido ao problema.

O projeto de pesquisa do estudante surgiu a partir de uma conversa com um cardiologista do Hospital St. George, em Londres, que fez exames no coração de Roth para verificar se ele também tinha a doença.

Os dois conversaram sobre como atletas negros tinham um risco maior de ter o problema.

Sem diagnóstico

A cardiomiopatia hipertrófica leva ao aumento do músculo cardíaco. Como exercícios intensos também podem aumentar o músculo cardíaco, muitos atletas não são diagnosticados.

Um exemplo foi o jogador Fabrice Muamba, do time britânico Bolton, que desmaiou em campo em 2012 devido a uma parada cardíaca, apesar de ser apontado como um dos jogadores em melhor forma do clube. Ele ficou muito tempo sendo atendido até que os médicos conseguiram fazer o coração dele voltar a funcionar.

No entanto, Marc-Viven Foe, jogador de Camarões, morreu durante uma partida em 2003.

Outra outra forma de detectar a doença é medir os níveis máximos de consumo de oxigênio dos atletas durante exercícios cardiovasculares.

Depois de estudar atletas profissionais, Henry Roth descobriu que a média do nível máximo de consumo de oxigênio é diferente entre atletas brancos e negros, mas os médicos usavam a mesma medição para diagnosticar ambos.

Por isso, atletas negros portadores da doença podem não ser diagnosticados.

Roth afirmou que não acreditava que a diferença entre atletas brancos e negros ainda não tivesse sido notada.

"Francamente, fiquei chocado, mas são necessárias pessoas chocadas para se fazer algo a respeito, fazer algo acontecer e não apenas aceitar as práticas de sempre", disse.

Histórico familiar

"Henry tem uma sede por pesquisas do coração, motivada pela experiência de sua família com morte súbita (por doença) cardíaca", disse o cardiologista do Hospital St. George que ajudou o estudante, Sanjay Sharma.

"Ele quer garantir que outras famílias não passem pelo que ele passou, e estou muito animado pela pesquisa que ele realizou comigo e meus colegas no Hospital St. George. O trabalho de Henry tem o potencial de mudar a forma que examinamos atletas para (detectar) cardiomiopatia hipertrófica", acrescentou.

A pesquisa de Roth foi finalista no Concurso Nacional de Ciência e Engenharia da Grã-Bretanha.

Só na Grã-Bretanha, uma em cada 500 pessoas tem o problema, apesar de a doença não afetar as vidas da maioria dos pacientes.

"Um avião no chão com um problema mecânico não é perigoso, mas, assim que ele começa a voar, torna-se perigoso. Assim que eles (os atletas) vão para para o campo, há a possibilidade de arritimia (batimento cardíaco irregular)", explicou Roth.

O estudante vai voltar ao Hospital St. George para continuar suas pesquisas antes de tirar um ano para viajar. Em seguida, ele pretende estudar medicina.

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