Cientistas descobriram provas concretas do uso de substâncias psicoativas no Antigo Egito ptolomaico (305 a.C a 30 a.C.). A revelação inédita foi encontrada em um recipiente usado em rituais que data de mais de 2 mil anos, com detalhes visíveis a olho nu.
O estudo, coordenado por Enrico Greco, da Universidade de Trieste, na Itália, em colaboração com instituições americanas e italianas, foi publicado na revista Scientific Reports.
Segundo a pesquisa, trata-se do primeiro exemplar documentado do uso intencional de psicodélicos em rituais egípcios para induzir visões oníricas, estados meditativos e comunicações com o divino.
"Essa descoberta só foi possível graças a uma abordagem altamente multidisciplinar: ao combinar técnicas científicas de ponta com análises culturais, linguísticas e históricas, obtivemos informações que a arqueologia tradicional por si só não poderia ter fornecido", comenta Greco.
A pesquisa, que utilizou técnicas científicas avançadas para analisar um vaso decorado com a cabeça do deus egípcio Bes, encontrou vestígios de Peganum harmala (arruda síria), Nymphae caerulea (lótus azul) e uma planta do gênero Cleome conhecida por suas propriedades psicóticas ou medicinais. Tais substâncias eram combinadas com líquidos fermentados ou outros ingredientes como mel ou geleia real.
A análise também revelou a presença de fluidos humanos, como sangue e proteínas de mucosas, sugerindo que o vaso era utilizado em rituais simbólicos e transformadores, provavelmente ligados à fertilidade feminina, através de estados alterados de consciência. .