Os fósseis dos mais antigos dinossauros a andar sobre a Terra podem estar escondidos sob a Floresta Amazônica ou ainda em outras regiões da América do Sul e da África. Essa é a conclusão de um novo estudo feito por pesquisadores da University College London (UCL), do Reino Unido, publicado no periódico Current Biology.
Atualmente, os fosseis de dinossauros mais antigos conhecidos têm cerca de 230 milhões de anos e foram descobertos no Brasil, na Argentina e no Zimbábue. Mas as diferenças encontradas entre esses fósseis sugerem que os grandes répteis já vinham se desenvolvendo há um tempo considerável, indicando que sua origem teria ocorrido milhões de anos antes.
O novo estudo aponta as lacunas dos registros fósseis e conclui que os mais antigos dinossauros provavelmente surgiram em alguma região equatorial quente no antigo supercontinente de Gondwana - numa faixa de terra que abarcaria a região da atual Amazônia, da Bacia do Congo e do Deserto do Saara. A Gondwana estava ao sul do mundo e concentrava mais de 80% do território do globo. Lá estava toda a África, as Américas em quase sua totalidade, a Antártida e o Sudeste Asiático.
"Os dinossauros são bem estudados, mas, na verdade, não sabemos até hoje de onde vieram", afirmou o principal autor do novo trabalho, Joel Heath, do Museu de História Natural e Ciências da Terra da UCL.
"O registro fóssil tem lacunas tão grandes que não dá para confiar muito. Nossa modelagem sugere que os mais antigos dinossauros teriam se originado nas baixas latitudes de Gondwana. Era uma região mais quente e mais seca do que se supunha, formada por áreas desérticas e de savanas."
Até hoje, nenhum fóssil de dinossauro foi encontrado em regiões da América do Sul ou da África que tenham pertencido a esta parte específica de Gondwana, mas, segundo o pesquisador, isso acontece, provavelmente, por inacessibilidade das áreas e por falta dos devidos esforços de pesquisa.
O novo estudo envolveu os registros fósseis e as linhagens evolutivas dos dinossauros e seus parentes mais próximos, bem como a geografia do período. Levou em conta as lacunas do registro fóssil tratando áreas do globo onde nunca nenhum fóssil foi descoberto como "falta de informação" e não mais como regiões onde "não existem fósseis".
Inicialmente, os dinossauros formavam um grupo pequeno. Outros répteis eram bem mais abundantes. Isso inclui os ancestrais dos crocodilos e dos pterossauros, os primeiros animais a voarem a partir do bater das asas e não apenas planando.
Os primeiros dinossauros seriam muito menores do que os seus gigantes descendentes - do tamanho de uma galinha ou, no máximo, de um cachorro. Eles andavam sob duas pernas e eram onívoros. Os dinossauros só se tornaram dominantes depois que uma erupção vulcânica de grande porte levou à extinção muitos dos demais répteis, há cerca de 200 milhões de anos.
"Nossos resultados sugerem que os primeiros dinossauros eram bem adaptados a ambientes quentes e áridos. Dos três principais grupos de dinossauros, os saurópodes mantiveram a preferência por climas mais quentes, desenvolvendo-se em latitudes mais baixas", afirmou o autor sênior do trabalho, Philip Mannion, do departamento de Ciências da Terra da UCL.
"As evidências sugerem que os outros dois grupos, os terópodes e os ornitíqueos, acabaram por desenvolver a capacidade de gerar o próprio calor corporal alguns milhões de anos depois, já no fim do período Jurássico, permitindo que ocupassem regiões mais frias, inclusive os pólos", acrescentou.