O ministério público do Peru reagendou para sexta-feira a convocação do diretor do movimento ambientalista Greenpeace, Kumi Naidoo, que faltou nesta quinta ao depoimento no processo contra 12 ativistas da ONG acusados de danificar as milenares linhas de Nazca.
Naidoo, que está em Lima há uma semana, deveria ter se apresentado nesta quinta-feira para dar sua versão dos fatos ao ministério público de Nazca, 460 km ao sul da capital peruana.
O dirigente do Greenpeace tinha assegurado mais cedo nesta quinta que se apresentaria na audiência à promotora Velia Begazo, noticiou o canal de notícias a cabo N, citando sua tradutora colombiana.
Naidoo é o único citado até o momento no processo que o MP iniciou no dia 8, depois que os ativistas da ONG entraram ilegalmente nas linhas de Nazca, como parte de um protesto pacífico no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre o clima, encerrada em Lima na semana passada.
A intervenção do Greenpeace provocou indignação no Peru porque os ativistas instalaram em uma área de 40m2, onde está situado o popular geoglifo do colibri, 45 letras amarelas de tecido, formando a mensagem: "Time for change! The future is renewable, Greenpeace" (Tempo de mudança! O futuro é renovável).
As linhas, situadas nos pampas de Nazca, são geoglifos de mais de dois mil anos atrás com figuras geométricas e de animais, que só podem ser vistas do alto. Seu significado real é um enigma: alguns pesquisadores as consideram um observatório astronômico, outros, um calendário.
As autoridades peruanas anunciaram nesta terça-feira que pedirão a extradição dos ativistas, acusados pelo governo de atentar contra o Patrimônio Cultural declarado pela Unesco. Entre os apontados está o argentino Mauro Fernández, o único identificado pela promotoria.
"Nós os extraditaremos e traremos para que assumam sua responsabilidade penal e civil. Deve-se entender que a primeira linha da defesa do nosso patrimônio somos todos os peruanos", disse o vice-ministro da Cultura, Luis Jaime Castillo, citado pela agência oficial Andina.
Segundo o vice-ministro, o dano ao geoglifo do colibri "é irreparável".
A ONG gravou um vídeo do ato, no qual considera que não foi respeitado o protocolo de segurança para evitar deixar marcas na área.
A indignação com o Greenpeace levou na segunda-feira a Comissão de Relações Exteriores do Congresso peruano declarar o Greenpeace 'persona non grata'.