Milagre da multiplicação de peixes descrito na Bíblia pode ter explicação científica, aponta estudo

Segundo cientistas, características das águas do mar de Galileia permitem o aparecimento de grande quantidade de peixes mortos de forma súbita

12 nov 2024 - 08h06
(atualizado às 11h50)
Estima-se que, dessa primeira produção, que leva o nome de Gutenberg, tenham sido prensadas 180 cópias da Bíblia. Impressas, rubricadas e iluminadas (quando as letras capitulares são pintadas de forma decorativa) à mão.
Estima-se que, dessa primeira produção, que leva o nome de Gutenberg, tenham sido prensadas 180 cópias da Bíblia. Impressas, rubricadas e iluminadas (quando as letras capitulares são pintadas de forma decorativa) à mão.
Foto: Moses wikimedia commons / Flipar

Um estudo científico publicado em outubro na revista Water Resources Research pode explicar cientificamente o que a Bíblia descreve como milagre da multiplicação de peixes e pesca milagrosa, atrelados a Jesus Cristo. O estudo, realizado no lago Kinneret, ou mar da Galileia, em Israel, região onde Jesus viveu e teriam acontecido seus milagres, aponta uma característica das águas capaz de reunir grande quantidade de peixes de forma súbita.

O grupo de cientistas israelenses desenvolveu o estudo para investigar uma morte repentina de milhares de peixes que ocorreu no lago em 2012. Eles decidiram utilizar um modelo tridimensional acoplado na atmosfera do mar da Galileia para detectar possíveis mecanismos da água que explicassem a mortalidade de peixes em períodos distantes entre si - 2012 não foi a única vez que o lago ficou tomado de peixes mortos.

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Com o monitoramento, os pesquisadores detectaram que o mar da Galileia possui ondas internas de "amplitude significativa", induzidas por ventos que vêm do oeste. Essas ondas causam ressurgência, quando um movimento horizontal provoca um movimento vertical, trazendo águas profundas para a superfície do lago.

A mistura de águas de diferentes profundidades provoca, em alguns momentos do ano, uma camada superficial de água mais fria e sem oxigênio. Isso afeta as condições para a vida dos peixes e provoca mortes em massa, conforme os cientistas. Por fim, o aparecimento desses peixes mortos pode ocorrer de forma súbita, por conta da movimentação da água, de baixo para cima.

"Se a ressurgência ocorrer logo após o início da estratificação térmica anual, quando a camada mista superficial se estende por uma estreita faixa de profundidade, mas o hipolímnio (camada profunda de um lago) já está anóxico (com baixa oxigenação), existe um potencial para mortes massivas de peixes, pois os peixes não conseguem escapar da água anóxica que invade a superfície", diz o estudo.

"Notavelmente, os eventos atuais de matança de peixes acontecem no mesmo local do lago onde o milagre bíblico dos pães e peixes e presumivelmente a captura milagrosa de peixes ocorreram, dois milênios antes do presente", apontam os pesquisadores. "Isso (o mecanismo da água) pode explicar o aparecimento de um grande número de peixes fáceis de coletar."

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Em uma das passagens bíblicas, Jesus Cristo acompanha pescadores que reclamam da falta de peixes no mar da Galileia e, quando os homens já estão sem esperanças, Cristo os pede para jogar a rede ao mar apenas mais uma vez. Então, ao lançarem a rede, os homens inesperadamente se depararam com centenas de peixes.

Uma segunda passagem bíblica conta que, em outra ocasião, Cristo teria conseguido alimentar cerca de cinco mil homens com apenas cinco pães e dois peixes. "Tomando os cinco pães e os dois peixes e, olhando para o céu, deu graças e partiu os pães. Em seguida, deu-os aos discípulos, e estes à multidão", diz o versículo bíblico.

"Todos comeram e ficaram satisfeitos, e os discípulos recolheram doze cestos cheios de pedaços que sobraram. Os que comeram foram cerca de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças."

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