Ondas de calor extremo e alta recorde de temperaturas impedem formação de neve no cume do vulcão inativo. Mudanças climáticas podem estar por trás do atraso.O Monte Fuji, um dos cartões-postais mais conhecidos do Japão, atravessa o período mais longo sem precipitações de neve em seu cume desde o início dos registros, há 130 anos.
A cobertura de neve na montanha mais alta do Japão começa normalmente em torno de 2 de outubro. No ano passado, a primeira neve surgiu no dia 5 do mesmo mês.
Yutaka Katsuta, do Escritório Local de Meteorologia de Kofu, explicou que a falta de neve no vulcão inativo ocorre devido ao tempo excepcionalmente quente, o que acarretou a quebra do recorde anterior, observado nos dias 26 de outubro de 1995 e 2016.
"As temperaturas estiveram altas no verão, e continuaram altas em setembro, bloqueando o ar frio" que causa a neve, disse Katsuta. O meteorologista afirmou que as mudanças climáticas podem ter certo grau de impacto no atraso da formação da cobertura de neve.
Temperaturas recorde
O verão deste ano no Japão foi o mais quente já registrado, igualando o nível de 2023, enquanto as ondas de calor impulsionadas pelas mudanças climáticas afetaram o clima em diferentes partes do globo. O país chegou a registrar até 40º C nos dias de calor mais extremos entre junho e agosto, atingindo uma média que supera em quase 2º C os registros de anos anteriores.
As temperaturas em setembro também foram mais altas do que o habitual, com cerca de 1.500 regiões do país registrando dias considerados "extremamente quentes", com mais de 35º C. O calor refreou ligeiramente em outubro, embora as temperaturas ainda estejam acima da média.
Entre terça e quarta-feira (30/10), foram observadas nuvens ao redor do Monte Fuji com possibilidade de precipitações, embora as temperaturas de cerca de 3º C no cume impeçam que elas ocorram na forma de neve. As previsões sugerem possíveis precipitações de neve no dia 31 ou em 1º de novembro.
Turismo excessivo
O Monte Fuji é coberto de neve durante a maior parte do ano. Durante a temporada de montanhismo, entre julho e setembro - período que inclui o verão no país -, mais de 200.000 visitantes costumam se aventurar nas encostas íngremes e rochosas.
Muitos escalam o Monte Fuji durante a noite para ver o nascer do sol em seu cume, a uma altura de 3.776 metros. Este ano, um número menor montanhistas tentou a escalada, após o governo japonês introduzir uma taxa de entrada e limitar a quantidade de pessoas para combater o turismo excessivo.
O formato simétrico da montanha foi imortalizado em incontáveis obras de arte, incluindo a famosa Grande Onda do artista japonês Hokusai.
A última erupção no Monte Fuji ocorreu há cerca de 300 anos.
rc (AFP, EFE)