Dois possíveis "vulcões de gelo" foram identificados na superfície de Plutão.
Eles foram localizados em imagens enviadas pela sonda New Horizons, que passou pelo planeta-anão em julho.
As montanhas têm alguns quilômetros de altura e dezenas de quilômetros de diâmetro.
Enquanto os vulcões da Terra expelem rocha derretida, os de Plutão – se é isso mesmo que eles são – liberariam um mistura gelada, parcialmente derretida, de substâncias como água, nitrogênio e metano.
O time responsável pela missão ainda precisa fazer mais análises para confirmar a descoberta.
Informações sobre a composição dos materiais que compõem o terreno local podem ajudar na tarefa.
Descoberta convincente
A New Horizons ainda não enviou todas as informações registradas durante o sobrevoo a Plutão. Até agora, apenas cerca de 20% de suas observações chegaram até a Terra.
Se o crio-vulcanismo for comprovado, será uma incrível descoberta. A ocorrência do fenômeno já havia sido sugerida em vários outros corpos do Sistema Solar exterior, mas sem nada convincente ser detectado.
Os dois candidatos a vulcões de Plutão foram encontrados a sul de Sputnik Planum, planície lisa no equador do planeta.
Eles têm sido informalmente chamados de Wright Mons e Piccard Mons. Sua forma lembra, na Terra ou em Marte, a dos vulcões-escudo – extensos vulcões formados por repetidas erupções de fluídos de baixa viscosidade.
Comparação com Marte
Assim como suas supostas caldeiras, essas formações apresentam textura irregular em seus flancos, o que pode representar antigos “rios de lava gelada”.
O quão recente estiveram em atividade, ninguém sabe dizer.
“É espantoso que, em toda a exploração que fizemos, as construções mais próximas disso na vizinhança estejam em Marte”, afirmou o professor Alan Stern, o investigador principal da missão New Horizons.
“Não vimos nada como isso em todos os mundos do Sistema Solar médio. É realmente incrível.”
Já se passaram 120 dias desde que a New Horizons fez seu histórico sobrevoo sobre o planeta-anão e suas luas.
Desde então, a sonda já ultrapassou 140 milhões de quilômetros no Sistema Solar externo, a cerca de 5 bilhões de quilômetros da Terra.
Os responsáveis pela missão supervisionaram, na semana passada, o disparo do último dos quatro motores que colocaram a aeronave em seu curso em direção ao novo alvo, a ser alcançado em 2019.
O objetivo é chegar até um corpo gelado muito menor, chamado de 2014 MU69.
A estimativa é que ele não tenha mais do que 45 quilômetros de diâmetro, mas espera-se que a New Horizons se aproxime mais desse objeto do que ocorreu com Plutão – foram 12,5 mil quilômetros de distância.
No entanto, a equipe ainda não obteve, formalmente, os recursos da agência espacial norte-americana para operar a sonda até o 2014 MU69.
O projeto científico para pleitear esse suporte financeiro deve ser submetido à Nasa no ano que vem.