Novo implante espinhal ajuda homem com Parkinson avançado a andar; entenda

Tecnologia desenvolvida por pesquisadores do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Lausanne (EPFL) permite ao homem caminhar com fluidez

7 nov 2023 - 11h42
(atualizado às 12h45)
Implante espinhal melhorou a capacidade de Marc Gauthier, que tem doença de Parkinson, de andar sem cair
Implante espinhal melhorou a capacidade de Marc Gauthier, que tem doença de Parkinson, de andar sem cair
Foto: CHUV Weber Gilles

Um implante experimental que proporciona estimulação elétrica à medula espinhal melhorou a mobilidade de um homem com doença de Parkinson avançada. A tecnologia, desenvolvida por pesquisadores do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Lausanne (EPFL), permite ao homem caminhar com fluidez e navegar pelo terreno sem cair – algo que ele não conseguia fazer antes do tratamento. 

Neurocientistas e neurocirurgiões desenvolveram uma neuroprótese destinada a corrigir distúrbios da marcha associados à doença de Parkinson. O aparato permitiu tratar um primeiro paciente com Parkinson, permitindo-lhe caminhar com conforto e confiança.

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O relatório com o experimento foi publicado esta semana na revista Nature Medicine.

Os efeitos do tratamento duraram dois anos. “Não existem terapias para resolver os graves problemas de marcha que ocorrem numa fase posterior da doença de Parkinson, por isso é impressionante vê-lo andar”, diz Jocelyne Bloch, neurocirurgiã da EPFL e principal autora do artigo, em entrevista à Nature.

Mas com apenas um indivíduo testado, ainda não está claro se a abordagem funcionará para outras pessoas com a doença. O próximo passo “seria realizar um ensaio randomizado e controlado”, diz Susan Harkema, neurocientista da Universidade de Louisville, em Kentucky, que trabalha com terapia de estimulação em pessoas com lesões na medula espinhal.

Paciente

Distúrbios incapacitantes da marcha ocorrem em cerca de 90% das pessoas que estão em estágio avançado da doença de Parkinson. Esses distúrbios da marcha costumam ser resistentes aos tratamentos disponíveis atualmente.

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O paciente Marc Gauthier, de 62 anos, convive com Parkinson há quase três décadas. A dopamina e a estimulação cerebral profunda que ele recebeu em 2004 resolveram seus tremores e rigidez. Mais recentemente, ele desenvolveu graves distúrbios de marcha que não respondiam à dopamina ou à estimulação cerebral.

“Praticamente não conseguia mais andar sem cair com frequência, várias vezes ao dia. Em algumas situações, como ao entrar num elevador, eu pisoteava o local, como se estivesse congelado ali, pode-se dizer", disse em artigo publicado pela universidade.

Uma abordagem alternativa

A estimulação da medula espinhal envolve a implantação cirúrgica de um dispositivo neuroprotético que fornece pulsos de eletricidade a regiões específicas da medula espinhal, em um esforço para ativar circuitos neurais disfuncionais.

 A técnica tem sido usada experimentalmente para permitir que pessoas paralisadas por lesões na medula espinhal fiquem de pé sozinhas e até caminhem distâncias curtas.

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Foi demonstrado que o método melhora a marcha de pessoas com Parkinson, mas os resultados 2 são frequentemente modestos, de curta duração ou inconsistentes, diz Bloch. 

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Os pesquisadores tendem a colocar o implante na parte superior e média da coluna para modular as informações sensoriais que vão para o cérebro, diz ela.

O grupo suíço implantou a neuroprótese na região lombar, sobre a medula espinhal lombossacral. Lá, a estimulação ativa a rede de neurônios que corre entre a medula espinhal e os músculos das pernas. A equipe aplicou com sucesso a estratégia em pessoas com paralisia causada por lesão medular 3 e concluiu que ela poderia ser adaptada ao Parkinson.

Para personalizar a estimulação de Marc Gauthier, os pesquisadores coletaram dados sobre suas dificuldades e padrões de caminhada, colocando sensores nos seus pés e pernas. Então, configuraram a estimulação para compensar qualquer disfunção.

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Essa disfunção pode incluir fraca extensão do joelho ou problema de contração dos músculos das nádegas.

“Nossa especialidade está em entender como estimular a medula espinhal para sermos muito precisos na forma como ajustamos o movimento das pernas”, diz Grégoire Courtine, neurocientista da EPFL que desenvolveu a técnica.

 “A novidade deste estudo é aproveitar esta compreensão e tecnologia na doença de Parkinson.”

Fonte: Redação Byte
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