Cientistas conseguiram reduzir o medo de voluntários ao expô-los a uma memória traumática várias vezes enquanto eles dormiam. Segundo os pesquisadores, é a primeira vez que se consegue manipular a memória emocional em humanos durante o sono. O estudo foi divulgado neste domingo, na revista especializada Nature Neuroscience.
A descoberta, acreditam os cientistas, pode complementar à noite os tratamentos de fobias feitos durante o dia. A terapia por exposição é comum e consiste em um contato gradual com o objeto ou situação que desencadeia a fobia até que esta seja extinta.
"Nós mostramos uma pequena, mas significante diminuição no medo. Se puder ser estendido ao medo pré-existente, então, talvez, o tratamento de fobias possa ser potencializado", diz Katherina Hauner, da Universidade Northwestern.
Durante o estudo, 15 voluntários receberam choques elétricos enquanto observavam imagens de duas faces diferentes. Além disso, os cientistas usaram diferentes odores no experimento. Assim, os rostos e os cheiros foram associados pelos participantes com medo.
O próximo passo foi, quando um participante dormia, usar um odor. O uso ocorreu durante o sono de ondas lentas, quando se acredita que a consolidação da memória ocorre.
"Quando esse odor em particular era usado durante o sono, ele estava reagindo com a memória da face várias vezes, o que é similar ao processo de extinção de medo durante a terapia de exposição", diz Katherina.
Acordados, as faces eram mostradas novamente aos voluntários. Quando a face ligada ao odor usado durante o sono era apresentada, a reação de medo era menor que com a outra.
Os cientistas usaram dois métodos para medir o medo - pequenas quantidades de suor na pele e através de ressonância magnética. O último mostrou mudanças em regiões do cérebro relacionadas à memória (como o hipocampo) e com a emoção (amígdala). Essas mudanças, afirmam os cientistas, refletem um decréscimo na reação específica associada à face e ao odor.