O uso de animais é indispensável na pesquisa. Essa é a visão de Carlos Rogério Tonussi, professor do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e presidente da Comissão de Ética no Uso de Animais da instituição. Segundo o pesquisador, a opinião de que é possível substituir o uso de seres vivos em estudos por métodos alternativos - debate que ganhou força após a invasão do Instituto Royal - é errada. Para Tonussi, essa visão é difundida por uma "seita religiosa".
"É impensável falar que se pode deixar de utilizar animais em pesquisa. Isso é conhecer nada de ciência. A população em geral entende isso. O que nós estamos vendo é uma movimentação de uma seita religiosa, é o vegetariano radical que quer impor sua visão para a sociedade como um todo. O que ele defende: que não se use animal para nada, nem para alimentação, nem para pesquisa de medicamentos, nem para nada", diz.
Em maio deste ano, o curso de medicina da UFSC foi proibido de utilizar animais em aula. Segundo Tonussi, a decisão não teve efeito prático, pois a comissão de ética já havia vetado o uso de cobaias pelos professores. Contudo, ele considera a decisão prejudicial, principalmente em disciplinas de especializações que precisem de técnicas avançadas de cirurgia - além de outras faculdades. "Não existe escola (de medicina) no mundo que não vai fazer isso em animais (...) você vai treinar um transplante de fígado, você tem que transplantar em um animal vivo e mantê-lo vivo depois do transplante", diz Tonussi, que afirma que a sentença foi derrubada.
Segundo a professora Stela Maris Kuze Rates, da Faculdade de Farmácia da Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Coordenadora da Comissão de Ética na Utilização de Animais da instituição, com os métodos alternativos o uso de animais em aula diminui muito e já sumiu de alguns cursos. "Em ensino, tenho certeza de que o número absoluto de animais utilizados diminuiu. Por exemplo, quando fiz o curso de Farmácia na UFRGS, na década de 1980, tivemos três ou quatro aulas utilizando animais; hoje em dia, os alunos do curso de graduação em Farmácia da UFRGS não têm aulas práticas com uso de animais. Mas, claro, há cursos em que o uso de animais em ensino é fundamental e resultará mesmo em um bem para o próprio animal: o curso de Veterinária, por exemplo", diz Stela por e-mail.
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Os conselhos de ética, afirma Tonussi, visam a aperfeiçoar o uso de cobaias, para que elas sejam utilizadas cada vez menos nas pesquisas. Hoje, por exemplo, o número de espécies comumente usadas em pesquisas já é muito menor do que no passado. "À medida que foi se conhecendo mais a biologia dos pequenos roedores, foi se transferindo essas pesquisas para esses seres, esses indivíduos menores. Hoje, menos de 1% dos animais usados no mundo em pesquisa são de outra espécie que não rato ou camundongo", diz. Contudo, conforme ele, o número total de animais só aumenta, já que há um número cada vez maior de pesquisas em andamento.
A professora UFRGS diz que os métodos alternativos existem e "sempre que possível são utilizados", como vídeos demonstrativos, modelos computacionais ou matemáticos e experimentos in vitro. "Mas, infelizmente, no estágio atual do conhecimento, a utilização de métodos alternativos não pode ainda substituir completamente a utilização dos animais. Organismos vivos são extremamente complexos e na maioria das vezes as respostas biológicas não podem ser reproduzidas integralmente em sistemas computacionais ou in vitro. O maior valor dos métodos substitutivos atuais tem sido propiciar a redução dos experimentos in vivo e do número de animais utilizados, por permitir uma triagem prévia dos estudos a serem realizados".
Stela destaca que o uso de animais em pesquisa na universidade deve sempre passar pela comissão de ética e passa por uma análise que usa critérios como relevância do estudo, impossibilidade de uso de métodos alternativos e o grau de severidade dos procedimentos.
Segundo Tonussi, os animais podem ser totalmente substituídos por métodos alternativos no futuro, mas isso vai levar décadas. "Uma pesquisa de medicamentos para a memória foi totalmente baseada em avaliação do banco de dados que se tem do genoma humano. Já estamos passando para outro paradigma, segundo o qual é possível, pelo menos para alguns tipos de abordagem, dar esse salto. Acho que o caminho é esse, mas podemos colocar aí mais umas três décadas. Vai ter que avançar também o desenvolvimento de biochips".
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Por enquanto, a substituição dos animais é só um projeto. "Até aquelas indústrias de cosméticos que dizem 'nossos produtos não são testados em animais'. Isso é mentira. Ele pode dizer que o produto dele não é testado em animal, mas todos os componentes da fórmula foram testados em animal individualmente por outras pessoas. Então tudo é testado, não tem como não ser", completa.
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18 de outubro - Segundo relatos, ao menos de 200 cães foram retirados do instituto e páginas na internet foram criadas para adoção
Foto: Edison Temoteo
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18 de outubro - Ativistas divulgaram fotos nas redes sociais, na madrugada desta sexta-feira, fotos de cães beagles libertados do Instituto Royal, em São Roque (SP), onde animais seriam vítimas de crueldade em pesquisas
Foto: Twitter
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18 de outubro - Imagem mostra beagle supostamente congelado em nitrogênio encontrado por ativistas no laboratório
Foto: Facebook
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18 de outubro - Em páginas nas mídias sociais, os grupos Anonymous e Black Bloc apoiam a iniciativa
Foto: Grupo Anonymous
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18 de outubro - O instituto é acusado de maltratar animais para pesquisas tecnológicas
Foto: Facebook
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18 de outubro - Ativistas fazem carinho em cães
Foto: Facebook
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18 de outubro - Ativista carrega cão em foto divulgada pelo grupo Anonymous
Foto: Anonymous
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18 de outubro - Em transmissão direta de vídeo, internauta filmou coelhos que também teriam sido resgatados após maus-tratos
Foto: Twitcam
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18 de outubro - Animais mutilados e mortos foram encontrados congelados
Foto: Marcelo Roque
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18 de outubro - Internauta registra interior do Intituto Royal, acusado de maltratar animais em pesquisas científicas
Foto: Marcelo Roque
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18 de outubro - Ao menos 200 cães foram retirados do instituto
Foto: Marcelo Roque
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18 de outubro - Segundo a rádio CBN, cerca de 150 pessoas participaram da invasão
Foto: Marcelo Roque
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18 de outubro - Instituto utilizaria beagles em testes de produtos cosméticos e farmacêuticos
Foto: Marcelo Roque
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18 de outubro - Instituto utilizaria beagles em testes de produtos cosméticos e farmacêuticos
Foto: Marcelo Roque
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18 de outubro - Instituto utilizaria beagles em testes de produtos cosméticos e farmacêuticos
Foto: Marcelo Roque
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18 de outubro - Grupos como Anonymous e Black Bloc disseram estar presentes na ação
Foto: Marcelo Roque
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18 de outubro - A Guarda Metropolitana foi acionada e acompanhou a movimentação em frente ao local
Foto: Cloves Ferreira
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18 de outubro - Moradores observam a movimentação em frente ao instituto, na cidade de São Roque, em São Paulo
Foto: Cloves Ferreira
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19 de outubro - Manifestantes atearam fogo em uma viatura da Polícia Militar e em um carro da Rede Globo na manhã deste sábado, dia 19, durante protesto contra o Instituto Royal, de onde foram retirados na sexta-feira cerca de 180 cachorros da raça beagle, além de coelhos, usados em pesquisas científicas e, segundo os ativistas, vítimas de maus tratos
Foto: Marcelo Roque
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19 de outubro - Manifestantes atearam fogo em uma viatura da Polícia Militar e em um carro da Rede Globo na manhã deste sábado, dia 19, durante protesto contra o Instituto Royal, de onde foram retirados na sexta-feira cerca de 180 cachorros da raça beagle, além de coelhos, usados em pesquisas científicas e, segundo os ativistas, vítimas de maus tratos
Foto: Marcelo Roque
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Foto: Marcelo Roque
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Foto: Marcelo Roque
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19 de outubro - Manifestantes atearam fogo em uma viatura da Polícia Militar e em um carro da Rede Globo na manhã deste sábado, dia 19, durante protesto contra o Instituto Royal, de onde foram retirados na sexta-feira cerca de 1820 cachorros da raça beagle, além de coelhos, usados em pesquisas científicas e, segundo os ativistas, vítimas de maus tratos
Foto: Marcelo Roque
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19 de outubro - Manifestantes atearam fogo em uma viatura da Polícia Militar e em um carro da Rede Globo na manhã deste sábado, dia 19, durante protesto contra o Instituto Royal, de onde foram retirados na sexta-feira cerca de 180 cachorros da raça beagle, além de coelhos, usados em pesquisas científicas e, segundo os ativistas, vítimas de maus tratos
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Foto: Zenildo Sousa
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Foto: Zenildo Sousa
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Foto: Alex Falcão
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Foto: Alex Falcão
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Foto: Alex Falcão
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Foto: Alex Falcão
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Foto: Alex Falcão
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24 de outubro - Luisa Mell com um dos cães da raça beagle retirados do Instituto Royal, em São Roque
Foto: Instagram
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24 de outubro - Instituto nega as denúncias de maus-tratos
Foto: Marcelo Camargo
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24 de outubro - Sede do Instituto Royal, em São Roque, interior de São Paulo, de onde ativistas retiraram 178 cachorros da raça beagle que supostamente sofriam maus-tratos ao serem usados em pesquisas
Foto: Marcelo Camargo
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24 de outubro - Da esquerda para a direita: os delegados José Humberto Urban Filho, Marcelo Carriel e Marcelo Sampaio Pontes
Foto: Marcelo Camargo
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24 de outubro - Polícia investiga ação durante a última sexta-feira (18) no Instituto Royal, em São Roque
Foto: Marcelo Camargo
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29 de outubro - Manifestantes fantasiados de cães fazem protesto durante reunião de comissão da Câmara para tratar do caso do Instituto Royal
Foto: Antonio Araujo
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29 de outubro - Manifestantes cobram proibição do uso de animais em pesquisas médicas
Foto: Antonio Araujo
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29 de outubro - Apresentadora Luisa Mell divulgou no Facebook foto de sua reunião com o presidente da Câmara, Henrique Alves (dir.), em que pediu a instalação de CPI para investigar o Instituto Royal
Foto: Facebook
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13 de novembro - Instituto Royal em São Roque, interior de São Paulo, voltou a ser invadido por ativistas na madrugada desta quarta-feira
Foto: Instituto Royal
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13 de novembro - Em nota, o Instituto Royal divulgou que a maior parte dos equipamentos que permaneciam no local foi destruída
Foto: Instituto Royal
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13 de novembro - Quase todos os animais, roedores, que ainda estavam nas instalações foram levados, segundo o Instituto Royal
Foto: Instituto Royal
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13 de novembro - Segundo nota divulgada, três funcionários da segurança do Instituto Royal, da empresa Gocil, foram agredidos em nova invasão
Foto: Instituto Royal
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13 de novembro - Instituto Royal em São Roque, interior de São Paulo, voltou a ser invadido por ativistas na madrugada desta quarta-feira
Foto: Instituto Royal
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13 de novembro - Invasores picharam os muros do instituto