Por que um dos felinos mais raros do mundo não está mais ameaçado de extinção

O lince ibérico é agora classificado como "vulnerável" à medida que aumenta o número de animais da espécie devido aos esforços de conservação.

20 jun 2024 - 17h12
A população de linces ibéricos cresceu mais de 10 vezes em 19 anos, segundo levantamento
A população de linces ibéricos cresceu mais de 10 vezes em 19 anos, segundo levantamento
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Um dos felinos mais raros do mundo, o lince ibérico, já não está mais classificado como ameaçado de extinção, de acordo com um relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Nesta quinta-feira (20/6), a UICN, que categoriza as espécies de acordo com o nível de risco que enfrentam numa "lista vermelha", mudou o lince ibérico de "em perigo" para "vulnerável", após um aumento significativo nos números.

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A população da espécie cresceu de 62 indivíduos adultos em 2001 para 648 em 2022. Os linces jovens e adultos juntos têm agora uma população estimada em mais de 2.000, segundo a UICN.

Como o nome sugere, a espécie de felino selvagem tem a região ibérica - Espanha e Portugal - como seu lar.

De acordo com os dados do último censo, havia um total de 14 aglomerados onde os animais viviam estáveis e em reprodução. Destes, 13 estavam localizados na Espanha e um em Portugal.

O gato selvagem era comum em toda a Península Ibérica, mas a partir da década de 1960 o seu número despencou.

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A perda de habitat, a caça e os acidentes rodoviários ajudaram a levar a espécie à beira da extinção.

Agora, o felino está voltando.

A área que o lince ibérico ocupa agora é muito maior, segundo a UICN, passando de 449 km², em 2005, para os 3.320 km² atuais
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O aumento deve-se, em grande parte, aos esforços de conservação que têm sido feitos centrados no aumento da abundância da sua principal fonte alimentar: o também ameaçado coelho selvagem, conhecido como coelho europeu.

Os programas para libertar centenas de linces em cativeiro e restaurar matagais e florestas também desempenharam um papel importante para garantir que o lince não esteja mais ameaçado.

Francisco Javier Salcedo Ortiz, coordenador responsável por liderar a ação de conservação, descreveu-a como "a maior recuperação de uma espécie de felino já alcançada através da conservação".

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Ortiz disse que ainda há "muito trabalho a fazer" para garantir que os animais sobrevivam e que a espécie possa se recuperar.

"Olhando para o futuro, existem planos para reintroduzir o lince ibérico em novos locais no centro e norte de Espanha", acrescentou.

A área que a espécie ocupa agora é muito maior, segundo a UICN, subindo de 449 km², em 2005, para os 3.320 km² atuais.

Mas a agência de conservação alertou contra a complacência, pois afirmou que os ganhos alcançados podem ser revertidos. As ameaças incluem doenças transmitidas por gatos domésticos e dos coelhos selvagens dos quais se alimentam, assim como a caça furtiva e atropelamentos.

Estabelecida em 1964, a lista vermelha de espécies ameaçadas da UICN evoluiu para se tornar a fonte de informação mais abrangente do mundo sobre o estado de conservação de espécies animais, fungos e plantas.

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