Recorde de temperatura em maio e junho divide pesquisadores do clima

24 jul 2014 - 16h35

Quinto e sexto mês do ano nunca foram tão quentes como em 2014. Especialistas divergem, porém, sobre um possível indicativo de aquecimento global. Críticos afirmam que sempre houve fases mais quentes.

Os mais recentes números da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) revelam que os meses de maio e junho nunca foram tão quentes como os deste ano, pelo menos não desde que começaram os registros, em 1880. A constatação foi feita a partir de médias globais combinadas, resultantes das medições feitas por estações meteorológicas marítimas e terrestres.

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Em 2014, maio foi 0,74 grau Celsius mais quente do que a média do século 20, e junho, 0,72 grau Celsius. Esses números dão a impressão de que a mudança climática só ocorre numa direção: o aquecimento.

Mas se considerados os últimos doze meses, então, o aumento registrado não foi o maior dos últimos anos. O período entre julho de 2009 e junho de 2010 foi, em média, apenas 0,01 grau Celsius mais quente do que o mesmo período entre 2013 e 2014.

No entanto, se for levado em conta o ano do calendário, de janeiro a dezembro, o quadro é diferente. Ou seja, 2013 divide com 2003 a quarta posição no ranking de aquecimento, com uma elevação de 0,62 grau Celsius em relação à média do século 20. Os anos mais quentes registrados foram 2010, com um aumento de 0,66 grau Celsius, seguido de 2005 (0,65 grau Celsius), e 1998 (0,64 grau Celsius).

Os números da NOAA também revelam tendências para diferentes décadas a partir de 1880. Por exemplo, entre 1880 e 1911 verificou-se um resfriamento global. Nestes anos, registrou-se uma queda máxima de 0,52 grau Celsius em relação à média de temperatura século 20.

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Após esse período frio, veio uma fase de calor, que permaneceu até 1942. Essa, por sua vez, foi seguida por um novo período de resfriamento, que abrange o final da Segunda Guerra Mundial até a metade da década de 1950. A seguir, verificou-se uma tendência de aquecimento constante até 1998.

Desde então, o aquecimento global está desacelerando. Nos últimos dez anos, entre 2004 e 2014, a temperatura média permanece mais quente, porém, num nível constante, mesmo levando em consideração as temperaturas registradas em maio e junho deste ano.

Opiniões divergentes

Defensores e críticos da tese de que as mudanças climáticas são causadas pela ação humana interpretam os dados da NOAA, que em anos mais recentes inclui registros de satélites, de forma diferente.

Aqueles que afirmam que o aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera é responsável pelo aquecimento global apontam para a tendência de aquecimento, especialmente desde o início da industrialização, ligada ao aumento de uso de combustíveis fósseis. Haveria, portanto, uma relação causal entre esses dois fatores.

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Em meados do século 19, a concentração de CO2 na atmosfera era menor do que 150 ppm (partes por milhão). Desde 1959, a NOAA mede essa concentração a partir da estação meteorológica de Mauna Loa, no Havaí. A partir daí, foi registrado um aumento constante desse gás na atmosfera, passando de 320 ppm para 400 ppm.

Os críticos da tese de que as mudanças climáticas são causadas pelo ser humano, por sua vez, afirmam que, justamente nos últimos dez anos, houve uma dissociação entre o aumento de CO2 e o aquecimento global e, assim, a causalidade não estaria comprovada.

Além disso, eles acrescentam que, desde o início da história da humanidade, independentemente da concentração de CO2, sempre houve fases quentes, até mesmo com temperaturas bem mais elevadas do que agora.

Entretanto, pesquisadores conceituados reforçam que décadas são períodos muito curtos para fazer afirmações confiáveis sobre o atual desenvolvimento do clima e lembram que a atual pausa no aquecimento ainda não se sustenta por um período longo o suficiente para tirar conclusões.

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