Cientistas italianos trazem esperança aos portadores de Alzheimer através de um spray nasal testado em animais que conseguiu bloquear um declínio cognitivo e o dano cerebral durante o experimento, realizado por pesquisadores da Universidade Católica Policlinico Gemelli de Roma.
O resultado do estudo, comandado por Claudio Grassi e Salvatore Fusco, foi publicado na revista Pnas em colaboração com a Universidade de Catânia, onde foi relatado que a substância utilizada no spray nasal, 2-bromopalmitato, "desligou" a enzima S-aciltransferase ou zDHHC no cérebro de ratos, tida como uma das responsáveis por alterações cognitivas nos pacientes quando sua concentração se dá em excesso no órgão.
Durante o estudo, os cientistas encontraram a presença em excesso de zDHHC7 no cérebro de pessoas mortas com Alzheimer.
O desenvolvimento desta doença se dá através de alterações em algumas proteínas, como a beta-amilóide, que se agrega e se acumula no cérebro. A formação de aglomerados tóxicos de beta-amilóide é favorecida por uma modificação bioquímica, a adição de uma gordura específica que se liga pelo zDHHC a várias moléculas por meio de uma reação chamada "S-palmitoilação".
"Neste trabalho, demonstramos que durante as fases iniciais da doença no cérebro há um aumento da enzima zDHHC7. Já a alteração de S-palmitoilação leva ao acúmulo da proteína beta-amilóide", explicam os especialistas.
"Nossos dados demonstram que nos cérebros dos pacientes falecidos existem altos níveis de zDHHC7 e S-palmitoilação", reforçou uma das autoras do estudo, Francesca Natale. Segundo ela, "pacientes com baixos níveis de S-palmitoilação tiveram melhor pontuação na escala de avaliação cognitiva em uso clínico".
Além disso, ao desligar as enzimas zDHHC em ratos com Alzheimer com um spray nasal à base de "2-bromopalmitato", os estudiosos interromperam a neurodegeneração e os sintomas típicos da doença, pois o spray reduziu o acúmulo de beta-amilóide e prolongou a vida dos animais.
"Até o momento, não existem medicamentos disponíveis capazes de bloquear seletivamente a enzima zDHHC7. Apesar do 2-bromopalmitato não ser suficiente para isso, iremos testar novas abordagens terapêuticas que possam ser facilmente transpostas para humanos", informou Grassi. .