Terremoto na Indonésia: país está no Círculo de Fogo do Pacífico, área com maiores tremores do mundo

Alguns dos piores desastres naturais já registrados, como o tsunami de 2004, ocorreram em países localizados na região de maior atividade sísmica do planeta; 90% dos sismos acontecem ali.

29 jul 2018 - 10h34
(atualizado às 10h40)
O terremoto que atingiu a ilha de Lombok, na Indonésia, deixou 14 mortos e mais de 150 feridos
O terremoto que atingiu a ilha de Lombok, na Indonésia, deixou 14 mortos e mais de 150 feridos
Foto: Reuters / BBC News Brasil

O terremoto de magnitude 6,4 que atingiu a turística ilha de Lombok, na Indonésia, na manhã deste domingo, 29, já deixou ao menos 14 mortos e mais de 160 feridos. Milhares de pessoas estão desabrigadas, segundo as autoridades locais.

O terremoto foi seguido de outros 60 pequenos tremores nos minutos seguintes.

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Lombok é uma ilha famosa por suas trilhas e praias paradisíacas e está localizada a 40 Km ao leste de Bali.

Muitas pessoas ficaram feridas porque estavam dormindo na hora do tremor e foram atingidas por escombros das residências atingidas, segundo Sutopo Purwo Nugroho, um porta-voz da agência de desastres do governo local. "O foco principal agora é evacuação e resgate. Alguns dos feridos ainda estão sendo tratados em clínicas", disse ele.

"O terremoto foi tão forte ... os turistas entraram em pânico, assustaram-se e escaparam dos hotéis", disse à BBC Lalu Muhammad Iqbal, diretor de proteção ao cidadão do Ministério das Relações Exteriores da Indonésia.

A ilha de Lombok é um dos principais destinos turísticos da Indonésia
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O jornalista da BBC Vinayak Gaikwad estava na ilha de Gili Trawangan, a cerca de 7 km de Lombok, e sentiu o impacto da terra tremendo. Segundo ele, ondas na piscina do hotel indicavam que algo estava acontecendo. "Trinta minutos depois, houve o primeiro tremor forte. Os moradores locais estavam preocupados porque muitas de suas casas são feitas de madeira e bambu; mas os turistas eram os mais assustados."

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Este não é o primeiro terremoto que atingiu o país. Pelo contrário, a Indonésia está numa das regiões mais propensas a tremores do mundo: o Círculo de Fogo do Pacífico.

Anel de fogo

O Círculo de Fogo do Pacífico (ou Anel de Fogo) é uma área formada no fundo do oceano por uma grande série de arcos vulcânicos e fossas oceânicas, coincidindo com as extremidades de uma das maiores placas tectônicas do planeta. Cerca de 90% dos terremotos mundiais aconteceram ali.

A região, de cerca de 40 mil km de extensão, tem formato de ferradura e circunda a bacia do Pacífico, abrangendo toda a costa do continente americano, além de Japão, Filipinas, Indonésia, Nova Zelândia e ilhas do Pacífico Sul.

Mais de 450 vulcões, incluindo três dos quatro mais ativos do mundo - o Monte Santa Helena, nos EUA, o Monte Fuji, no Japão, e o Monte Pinatubo, nas Filipinas - estão localizados no Círculo de Fogo.. É também chamado às vezes de cinturão circum-pacífico.

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Esta é a área de maior atividade sísmica do mundo. Somente o Japão responde por cerca de 20% dos tremores de magnitude igual ou superior a 6 registrados na Terra. Em média, os sismógrafos captam algum tipo de abalo no Círculo de Fogo a cada cinco minutos.

Mapa dos países do Circulo de Fogo do Pacifico
Foto: BBC News Brasil

Alguns dos piores desastres naturais já registrados ocorreram em países localizados no Círculo de Fogo. Um deles foi o tsunami de dezembro de 2004, que matou 230 mil pessoas em 14 países no Oceano Índico, após um tremor de magnitude 9,1.

Outros dois desastres famosos na área ocorreram no Chile: o primeiro, em 1960, foi um terremoto de magnitude 9,5 - o pior já registrado na história - que matou 2 mil pessoas; outro tremor, em 2010, deixou 800 mortos e cerca de 20 mil desabrigados.

Placas tectônicas

Nos anos 1960, cientistas desenvolveram a noção de placas tectônicas, o que explica as localizações dos vulcões e outros eventos geológicos de grande escala.

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De acordo com a teoria, a superfície da Terra é feita de uma "colcha de retalhos" de enormes placas rígidas, com espessura de 80 km, que flutuam devagar por cima do âmago quente e líquido do planeta.

As placas mudam de tamanho e posição ao longo do tempo, movendo entre um e dez centímetros por ano - velocidade equivalente ao crescimento das unhas humanas.

O tsunami de 2004, que matou 230 mil pessoas em 14 países no Oceano Índico, aconteceu na região do Círculo de Fogo
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O fundo do oceano está sendo constantemente modificado, com a criação de novas crostas feitas da lava expelida do centro da Terra e que se solidifica no contato com a água fria. Assim, as placas tectônicas se movem, gerando intensa atividade geológica em suas extremidades.

Três coisas podem ocorrer com as placas: elas podem se afastar umas das outras, deixando espaço para criar mais "chão" no fundo do mar; podem se aproximar, fazendo uma encobrir a outra; ou podem "roçar" umas nas outras, sem causar muito distúrbio.

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Essas placas que se "roçam" causam tremores de menor intensidade, como ocorre geralmente na Falha de San Andreas, localizada na região de San Francisco (Estados Unidos). Essas falhas também podem criar escarpas ou falésias no fundo do mar.

No entanto, quando uma placa se move e é forçada para dentro da Terra, ela encontra altas temperaturas e pressões que são capazes de parcialmente derreter a rocha sólida, formando o magma que é expelido pelos vulcões.

As atividades nestas zonas de divisa entre placas tectônicas são as mesmas que dão origem aos terremotos de grande magnitude.

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