Vacina russa é segura e produz resposta imune, diz estudo

Resultados de testes da Sputnik V foram publicados pela 1ª vez

4 set 2020 - 12h10
(atualizado às 12h13)

A vacina russa contra o novo coronavírus Sputnik V é segura e conseguiu induzir o corpo a produzir anticorpos nos testes iniciais, informou o primeiro estudo publicado sobre a imunização na revista científica "The Lancet" nesta sexta-feira (04).

Sputnik V teve os resultados das duas primeiras fases de testes publicados em revista científica
Sputnik V teve os resultados das duas primeiras fases de testes publicados em revista científica
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Segundo a publicação, a vacina produzida pelo Instituto Gamaleya de Pesquisa em Epidemiologia e Microbiologia, em parceria com os ministérios da Saúde e da Defesa da Rússia, conseguiu criar uma resposta imunológica em todos os 76 voluntários que participaram das fases 1 e 2 do desenvolvimento.

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Os resultados - referentes a dois estudos conduzidos entre 18 de junho e 3 de agosto - mostraram que 100% dos voluntários conseguiram desenvolver anticorpos contra o vírus Sars-CoV-2 sem efeitos colaterais graves. Os participantes eram pessoas saudáveis que tinham entre 18 e 55 anos. Segundo informações do governo, entre eles, estavam militares e políticos russos, incluindo uma das filhas do presidente Vladimir Putin.

Os pesquisadores russos experimentaram dois tipos diferentes de vacinas utilizando dois adenovírus - que causam as gripes comuns - modificados para transportar o gene da proteína Spyke, aquela que permite ao coronavírus entrar nas células humanas.

Os efeitos colaterais leves mais comuns ao tomar a vacina contra a Covid-19 foram dores no local da aplicação da vacina, febre, dores de cabeça, fraqueza, dor muscular e nas articulações.

A Sputnik V causou muita polêmica porque estaria sendo usada de maneira política por Putin, já que a Rússia autorizou o registro dela sem que os testes em humanos da última fase sequer tivessem começado.

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Outro ponto muito criticado era de que os russos não estavam sendo transparentes no desenvolvimento da vacina, já que as únicas informações sobre a imunização eram dadas apenas pelo governo. A vacina não está registrada na Organização Mundial da Saúde (OMS), que acompanha o desenvolvimento de mais de 160 imunizações do tipo contra o novo coronavírus, e até hoje nenhum estudo internacional sobre ela havia sido publicada.

Atualmente, as experimentações estão na fase 3, que testa de fato a eficiência da vacina em produzir uma resposta imunológica em um grande grupo de pessoas. A previsão é que 40 mil participem dos testes como voluntários.

Além da Rússia, há acordos para a realização das testagens no Brasil (a Anvisa ainda precisa autorizar) e na Índia. E, segundo o chefe do Fundo Russo para Investimentos Diretos (RDIF), Kirill Dmitriyev, há entre 30 e 40 países interessados na compra.

"Nós temos acordos com a Índia, com o Brasil e muitos outros países porque estamos verdadeiramente concentrados na possibilidade de exportar essa vacina, produzindo também fora da Rússia, em mercados externos até novembro graças à maravilhosa tecnologia desenvolvida pelo Instituto Gamaleya", acrescentou Dimitriyev.

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Ainda conforme o chefe da RDIF, a produção da Sputnik V em território russo será "completamente focada" em abastecer o mercado interno e as parceiras assinadas com outros países visam a entrega internacional da imunização. A expectativa do governo russo é já iniciar a imunização em massa em novembro, que será gratuita para todos os habitantes do país. .

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