Cientistas da Universidade do Oregon, nos Estados Unidos, descobriram por acidente uma nova tonalidade de azul, descrita como intensa e muito brilhante. A cor será lançada no mercado.
Tudo começou em 2009, quando a equipe de Mas Subramanian, do Departamento de Química da instituição, fazia experiências com materiais que poderiam ser usados em aparelhos eletrônicos.
"Foi quando um estudante submeteu manganês, índio e ítrio a cerca de 1,2 mil graus centígrados", contou Subramanian à BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC.
O resultado foi um péssimo condutor de eletricidade, mas com uma cor tão incrível que chamou a atenção do chefe da equipe.
O pesquisador decidiu então analisar as propriedades óticas do que tinha acabado de ser criado no laboratório.
"Eu trabalhei para a empresa (de tintas) DuPont no passado. Percebi que tínhamos encontrado um com bom pigmento", afirmou.
A tonalidade não apenas era quase perfeita, muito parecida com a do lápis-lazúli, como também apresentava durabilidade, estabilidade e resistência que nunca tinham sido observadas em outra cor azul disponível no mercado.
"Nosso pigmento, chamado YInMn blue, pode refletir o calor. Logo, se for usado para pintar edifícios ou carros, pode mantê-los mais frescos", afirmou o pesquisador.
Subramanian reconhece não saber exatamente de onde veio a tonalidade - a cor natural dos elementos usados na mistura feita por seu estudante são preto e branco.
"Foi fortuito, na verdade. Uma descoberta acidental e feliz", afirmou.
Propriedades
O novo pigmento é formado por uma estrutura única que permite que os íons de manganês absorvam o comprimento de onda de luz vermelha e verde, enquanto reflete apenas o azul.
"O azul é a cor mais difícil de obter porque você precisa absorver o vermelho", disse o pesquisador.
Desde a Antiguidade - entre os egípcios, passando pela dinastia Han, na China, e alcançando até a cultura maia na América Latina -, todos já tentaram desenvolver um pigmento azul mais próximo da perfeição.
A cor vibrante descoberta na Universidade do Oregon é tão durável e seus compostos são tão estáveis - mesmo em contato com óleo e água - que não desbota.
"A intensidade das tonalidades variam desde um azul pálido até um quase negro, de acordo com a concentração de manganês", escreveu o jornalista especializado em ciência Philip Ball para a revista especializada Chemistry World.
Outra vantagem é que, diferente de pigmentos usando cobalto, que pode causar câncer, o YinMn não é tóxico.
"A estrutura cristalina básica que estamos usando era conhecida antes, mas ninguém tinha pensado em um uso comercial, incluindo em um uso em pigmentos. Desde que os egípcios desenvolveram alguns dos primeiros azuis, a indústria de pigmentos luta para tratar de problemas como segurança, toxicidade e durabilidade", afirmou Subramanian.
Agora, o YinMn está pronto para a comercialização - e poderá abrir as portas para outros novos pigmentos.
"Esse novo azul é um sinal de que, na família de pigmentos inorgânicos, há muitas cores para se descobrir", afirmou Geoffrey Peake, gerente de pesquisa e desenvolvimento da empresa americana Shepherd.
A equipe da Universidade do Oregon continua com suas pesquisas. A ideia é tentar reproduzir o "acidente" ocorrido em 2009 e descobrir novas tonalidades e pigmentos, disse Subramanian.
"Quem sabe o que poderemos encontrar?"