O governo do Zimbábue anunciou que venderá parte de sua fauna selvagem para obter dinheiro para a conservação, em uma tentativa de lidar com a seca provocada pelo fenômeno El Niño, que ameaça tanto pessoas como os próprios animais neste país no sudeste da África.
A intenção da Autoridade de Gestão de Parques Nações do Zimbábue é convidar os potenciais clientes a apresentarem ofertas para comprar animais selvagens - as espécies não foram determinadas ainda - mas a decisão foi duramente criticada por várias organizações conservacionistas.
Veteranos ativistas, como o diretor da Força Especial para a Conservação (ZCT), Johnny Rodrigues, denunciaram à Agência Efe que se tenta um movimento mais para espoliar os recursos do país.
"É fácil ver o que há por trás disto: a avareza e a corrupção de poucos caciques que vão ganhar um bom dinheiro, que certamente não se destinará à conservação" dos parques, afirmou Rodrigues.
Segundo o diretor da ZCT, a China já teria feito uma oferta para comprar 130 elefantes e 50 leões - cujo preço ronda os US$ 40 mil por cabeça, o que não foi confirmado oficialmente. Em 2015 o Zimbábue vendeu 24 elefantes a um zoológico chinês apesar da oposição dos grupos conservacionistas.
Por enquanto, o único requisito imposto pelo governo zimbabuano aos possíveis compradores é que devem demonstrar que possuem terrenos e infraestrutura adequada para cuidar dos animais.
Isto significa, segundo Rodrigues, que a maioria dos animais será vendida a investidores internacionais, já que a maioria das 640 reservas privadas que existem no Zimbábue são pequenas demais devido à lei de redistribuição de terras.
O ministro do Meio Ambiente do Zimbábue, Oppah Muchinguri, declarou durante uma viagem oficial à China no começo do ano que seu governo continuaria vendendo animais selvagens sempre que considerasse necessário.
A seca no país, que afeta milhões de pessoas e agravou a já frágil situação econômica do Zimbábue, também provocou uma escassez de água e grama em todos os parques nacionais, o que faz o governo e ONGs temerem reviver a situação de 1992, quando milhares de animais morreram por causa das questões climáticas.