Cientistas acham novas pistas de que lua de Saturno pode abrigar vida

Pesquisa indicou que o fósforo, elemento essencial para a vida, pode existir em abundância no oceano gelado de Encélado, lua de Saturno

14 out 2022 - 10h43
Lançada em 1997, a sonda Cassini passou 19 anos orbitando Saturno
Lançada em 1997, a sonda Cassini passou 19 anos orbitando Saturno
Foto: Banco de Imágenes Geológicas/Flickr

Um artigo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) indicou que o fósforo, um elemento essencial para a vida, pode existir em abundância no oceano gelado de Encélado, a sexta maior lua de Saturno.

A descoberta, realizada por cientistas do Southwest Research Institute, em San Antonio, nos Estados Unidos, surgiu a partir de uma modelagem termodinâmica e cinética que simulou a geoquímica do fósforo com base em dados da Sonda Cassini sobre o sistema oceânico em Encélado.

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“Eles chegaram nessa conclusão baseados em dados extraídos de um criovulcão [também conhecido como vulcão de gelo]”, conta o professor Dimas Zaia, membro da Sociedade Brasileira de Astrobiologia e chefe do Laboratório de Química Prebiótica da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Lançada em 1997, a sonda Cassini passou 19 anos orbitando Saturno. Foi ela que descobriu a água líquida subsuperficial de Encélado e analisou amostras enquanto nuvens de grãos de gelo e vapor de água jorravam no espaço a partir dos criovulcões. “A Cassini passou diversas vezes pelo jato dos vulcões e, a partir do material coletado, foi feita uma análise química dos possíveis minerais”, explica o especialista.

No decorrer do estudo, os cientistas nos Estados Unidos desenvolveram o modelo geoquímico mais detalhado até hoje de como os minerais do fundo do mar se dissolvem no oceano de Encélado e previram que os minerais de fosfato seriam solúveis lá. Não por acaso, o fósforo na forma de fosfatos é crucial para toda a vida na Terra. Ele é essencial para a criação de DNA e RNA, que são as moléculas fundamentais da vida. 

“O fósforo é um elemento extremamente importante. Para começar, ele faz parte do ATP [sigla usada para indicar a molécula de adenosina trifosfato]; todas as reações químicas dos seres vivos que nós conhecemos dependem desse ATP”, ilustra o professor.

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Uma das descobertas recentes mais interessantes feitas na área da ciência planetária nos últimos 25 anos é que mundos com oceanos sob uma camada superficial de gelo são comuns em nosso sistema solar. Esses lugares incluem os satélites gelados dos planetas gigantes, como as luas de Europa, Titã e Encélado. E, como a água é vital para a existência de vida, a possibilidade de que um desses mundos esconda novos seres vivos é bem real.

Entretanto, serão necessárias mais viagens para, de fato, confirmarmos a existência de vida fora do planeta Terra.

“Qual o primeiro parâmetro que se avalia para procurar vida em outros mundos? Água. Esse é um primeiro parâmetro para se buscar vida em outros mundos”, reforça Zaia, ao destacar que o artigo publicado na PNAS também registrou sinais de carbono na forma de CO2, nitrogênio, hidrogênio e amônia em Encélado. Por isso, de acordo com o especialista, essas descobertas certamente irão pautar futuras missões no sistema solar.

Fonte: Jornal da USP
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