Cientistas gravam sanguessugas pulando pela primeira vez na história

Um comportamento apenas teorizado anteriormente foi identificado nas sanguessugas de Madagascar duas vezes — é o incrível salto dos anelídeos

22 jun 2024 - 04h15
(atualizado às 07h36)
Resumo
Pela primeira vez na história, pesquisadores registraram sanguessugas saltando para ir atrás do sangue de suas presas, um comportamento que não havia sido comprovado até então.

Pesquisadores conseguiram registrar, pela primeira vez na história, sanguessugas saltando para ir atrás do sangue de suas presas — um comportamento que hipóteses já afirmavam ser possível nos anelídeos, mas que, pela falta de evidências, não havia sido comprovado.

Foto: Mai Fahmy / Canaltech

Os responsáveis pelo registro e pelo estudo gerado, publicado na revista científica bioTropica, foram os cientistas Mai Fahmy e Michael Tessler, da Universidade Fordham e da Universidade da Cidade de Nova York, respectivamente.

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O primeiro vídeo foi gravado em 2017, por Fahmy, em Madagascar. Com apenas 10 segundos, o registro já revolucionou o estudo desses animais, mostrando um espécime se recolhendo em preparação para o salto e então se jogando.

Registrando saltos de sanguessugas

A cientista da Universidade de Fordham ainda não era familiar com o debate acerca dos saltos das sanguessugas quando fez o registro — um pouco obscura na literatura, a sugestão foi feita pela primeira vez há muito tempo, em 1881, pelo biólogo Ernst Haeckel. Ele visitava o Sri Lanka e descreveu que os animais não só rastejavam pelo chão, mas também saltavam para alcançar sua vítima.

Como este e outros relatos eram apenas anedóticos, cientistas, no geral, seguiam céticos quanto ao comportamento. Uma possibilidade levantada era de que as sanguessugas seriam vistas em locais altos, como braços, pescoço, ombro e até mesmo olhos e concluía-se que houvessem saltado, mas, na verdade, teriam caído de folhas e árvores altas, simplesmente.

Após o registro, no entanto, descobriu-se que muitos organismos com formato de verme usam a mesma sequência de movimentos para se descolar — recolher-se, saltar e cair no chão descoordenadamente —, como lagartas e larvas de mosca, por exemplo.

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Análise do vídeo feita no estudo, mostrando a sequência de movimentos que as sanguessugas fazem para saltar (Imagem: Mai Fahmy)
Foto: Canaltech

Nota-se, no vídeo, que a sanguessuga não tem controle da queda, e isso pode não ser um problema para ela, segundo Tessler. Como ela e seus companheiros vermes são muito leves, não é preciso uma aterrissagem precisa para evitar machucados.

Fahmy retornou a Madagascar em 2023, e conseguiu rapidamente gravar um vídeo semelhante de um par de sanguessugas. Ela e Tessler identificaram os animais de ambos os vídeos como Chtonobdella fallax, uma espécie da família de sanguessugas do Sudeste Asiático, Pacífico Sul e ilhas Seychelles.

Como não foi preciso um planejamento grande para capturar a atividade, é provável que pular seja um comportamento padrão para alguns dos anelídeos.

A falta de registros talvez tenha sido apenas porque humanos não tinham um acesso tão fácil a câmeras antes. Os cientistas notaram que a presença humana atiça os animais, que ficam mais ávidos a se movimentar e pular atrás de sangue, então acredita-se que mais filmagens surgirão em breve.

Fonte: bioTropica, EurekAlert!

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