A Nasa divulgou na quarta-feira (23) a sonificação dos chamados “ecos de luz” de um buraco negro V404 Cygni, localizado a cerca de 7.800 anos-luz da Terra. Uma das características desses objetos espaciais é que, embora diferentes ondas de luz (como a luz visível, ondas de rádio e raios-X) não possam escapar deles, o material circundante pode produzir intensas rajadas de radiação eletromagnética.
Conforme vão saindo, as explosões de radiação podem ricochetear em nuvens de gás e poeira no espaço, assim como os feixes de luz do farol de um carro dispersam uma névoa.
De acordo com a Nasa, o V404 Cygni é um sistema estelar binário que contém um buraco negro — cuja massa é estimada entre cinco e dez vezes a do Sol — que suga material de uma estrela companheira em órbita ao seu redor. O material é canalizado para um disco que circunda o buraco negro do sistema.
Rajadas de radiação
Este material gera periodicamente rajadas de radiação, incluindo raios-X. À medida que os raios viajam para fora, eles encontram nuvens de gás e poeira entre V404 Cygni e a Terra e são espalhados em vários ângulos.
Os observatórios de raios-X Chandra e o Neil Gehrels Swift, ambos da Nasa, conseguiram imagens dos ecos de luz em torno de V404 Cygni. A partir do parâmetro da velocidade da luz, astrônomos conseguiram determinar uma distância precisa desse sistema e calcular quando essas erupções ocorreram.
Segundo a Nasa, esses dados ajudam os astrônomos a aprender mais sobre as nuvens de poeira, incluindo sua composição e distâncias. O resultado da sonificação do V404 Cygni pode ser ouvido no vídeo abaixo.
Sonorização do buraco negro
Explicando de maneira simples: os cientistas realizaram o processo de sonorização do V404 Cygni para traduzir dados de raios-X do Chandra e do Swift em som. Durante o processo, o cursor se move para fora do centro da imagem em um círculo.
Assim, à medida que "saem" os ecos de luz detectados nos raios-X (vistos como anéis concêntricos em azul por Chandra e vermelho por Swift na imagem), há sons semelhantes a tiques e mudanças de volume para denotar a detecção de raios X e as variações de brilho.
Para diferenciar entre os dados dos dois telescópios, as informações do Chandra são representados por tons de frequência mais alta, enquanto os dados do Swift são mais baixos.
Além dos raios-X, a imagem da agência espacial inclui dados óticos do Digitized Sky Survey — versão digitalizada de vários levantamentos astronômicos fotográficos do céu noturno — que mostram as estrelas ao fundo. Cada estrela na luz ótica aciona uma nota musical e o volume e o tom da nota são determinados pelo brilho da estrela.
No entanto, essa não é a primeira vez que a tecnologia da Nasa permite decifrar dados de imagens em som. Mais sonificações de fenômenos do espaço, além de informações adicionais sobre o processo, podem ser encontradas no site A Universe of Sound.