Os raios solares que chegam à Terra podem ser um risco se em excesso sobre nossa pele, causando até câncer se a pessoa não usar cremes protetores. Mas astrônomos da Universidade Estadual de Michigan (EUA) descobriram algo que pode nos preocupar ainda mais a longo prazo. Eles não só detectaram raios gama superfortes saindo do Sol, mas também encontraram muito mais do que esperavam.
O Sol estava, de acordo com as leituras, disparando uma tonelada de raios gama que estão entre um e 10 trilhões de elétrons-volts. Para efeito de comparação, a luz que nossos olhos podem detectar do Sol é aproximadamente um único elétron-volt.
A nova pesquisa, publicada no periódico científico Physical Review Letters na semana passada, descobriu pelo menos uma boa notícia: que esses raios não chegam à Terra. No entanto, suas "assinaturas reveladoras" são detectáveis do nosso planeta com as ferramentas corretas.
Os tais raios gama ultrabrilhantes foram detectados pelo Observatório Cherenkov de Água de Alta Altitude, capaz de "vê-los" usando uma rede de 300 gigantescos tanques de água, cada um cheio com 200 toneladas métricas — o líquido serve como um tipo de "lente" para essa radiação. O observatório fica entre dois vulcões a uma altitude de 4,1 km no sul do México.
O comunicado sobre a pesquisa explica: à medida que os raios gama atingem nossa atmosfera, eles criam "chuveiros de ar, que são um pouco como explosões de partículas". derivadas de seus raios gama originais. Daí elas são "redistribuídas" e, finalmente, quebradas em partículas detectáveis na Terra. Não é possível vê-las a olho nu.
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Nível medido de raios gama preocupa
Cientistas preveram no início dos anos 1990 que nosso Sol emite raios gama, mas acreditava-se que não poderíamos vê-los no nosso planeta. No entanto, o Observatório HAWC mudou esse panorama. A equipe de Mehr Un Nisa, coautor do estudo, começou a coletar dados de raios gama em 2015. Em 2021, descobriram que haviam compilado o suficiente para começar a analisá-los.
A descoberta desse índice de partículas gama na nossa atmosfera, em um nível tão alto, os surpreendeu.
"Depois de analisar seis anos de dados, surgiu esse excesso de raios gama", disse Nisa no comunicado à imprensa. "Quando vimos pela primeira vez, ficamos tipo, 'Nós definitivamente erramos isso. O Sol não pode ser tão brilhante nessas energias'".
Tais descobertas, realizadas graças a um consórcio internacional de cientistas da América do Norte, Europa e Ásia, por enquanto geram muito mais perguntas do que respostas sobre a influência do Sol sobre a Terra.
"Isso mostra que o HAWC está aumentando nosso conhecimento de nossa galáxia nas energias mais altas, e está abrindo questões sobre nosso próprio Sol", disse Nisa. "Está nos fazendo ver as coisas de uma forma diferente. Literalmente."
