Círculos no deserto desafiam a ciência e permanecem sem explicação

Figuras esféricas em meio à vegetação "pobre" e desértica são amplamente conhecidas globalmente

13 dez 2024 - 10h42
A teoria mais aceita é a de que foram criados por um tipo de cupim de areia, o Psammotermes allocermes
A teoria mais aceita é a de que foram criados por um tipo de cupim de areia, o Psammotermes allocermes
Foto: Stephan Getzin/Universidade de Göttinge

Cientistas têm se questionado por anos sobre os enigmáticos círculos que surgem nas pastagens áridas à beira do deserto da Namíbia, país situado na África Austral. Esses "desenhos" são comumente referidos como "círculos das fadas" e, agora, uma nova possibilidade de origem foi identificada.

Apesar de os círculos surgirem em regiões isoladas, as figuras esféricas em meio à vegetação "pobre" e desértica são amplamente conhecidas globalmente, a ponto de uma equipe internacional se dedicar a sua investigação. Os integrantes do grupo são cientistas da Universidade de Göttingen, na Alemanha, e da Universidade Ben Gurion, em Israel.

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Compreenda os círculos enigmáticos: conforme ilustrado nas fotos, a área próxima ao deserto é dominada por touceiras de grama quase secas, porém essa predominância é abruptamente interrompida pelos desenhos intrigantes. Nesses lugares, nenhuma gramínea é capaz de se desenvolver e se desenvolver por mais de um mês, funcionando como uma "zona de morte".

Para elucidar a origem dos círculos enigmáticos, a teoria mais aceita é a de que foram criados por um tipo de cupim de areia, o Psammotermes allocermes. No entanto, durante as expedições ao deserto da Namíbia, não foram encontradas provas de quem eram os verdadeiros responsáveis.

Assim, surgiu a teoria da auto-organização das plantas, também chamada de inteligência de enxame, implementada em ambientes adversos. Ao considerar o enigma sob essa perspectiva, os padrões circulares surgiram não como um objetivo artístico, mas para atrair recursos específicos (neste caso, a água) para as plantas mais antigas do local.

O mecanismo favoreceria as maiores touceiras de grama, que residem nas extremidades dos círculos. Em essência, trata-se de uma tática de coleta de água pluvial, que "desmotiva" as gerações mais novas. O artigo publicado na revista Perspectives in Plant Ecology, Evolution and Systematics (PPEES) defende essa ideia.

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Estudo no deserto da Namíbia

Para chegar a essas conclusões, o grupo internacional estudou 500 gramíneas em quatro regiões da Namíbia onde foram identificados os enigmáticos círculos. A umidade do solo durante os períodos de chuvas foi acompanhada durante um ano, de 2023 a 2024.

De acordo com os autores, as áreas dos círculos funcionam como uma "zona de morte", pois as gramíneas que brotam morrem entre 10 a 20 dias após as precipitações. A morte ocorre devido à escassez do recurso mais valioso na área, a água, que acaba rapidamente na superfície. Dentro dos círculos, a água evapora mais rapidamente do que nas áreas adjacentes.

Por outro lado, as camadas mais profundas do solo (entre 20 e 30 cm de profundidade) mantêm-se mais úmidas, assegurando a sobrevivência das comunidades vizinhas, que são as únicas a terem acesso a essa fonte de recursos.

Os autores explicaram em nota que: "não significa que a auto-organização das plantas seja necessariamente o único fator responsável pela dessecação [estado de extrema secura] da grama [nova]". 

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De fato, elementos extras, como micróbios fitopatogênicos (parasitas que infectam as plantas), também podem auxiliar na criação dos enigmáticos círculos no deserto. Portanto, ainda são necessários mais estudos para decifrar o enigma do deserto.

Fonte: Redação Byte
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