Se você achava que isso só acontecia em filmes de ficção científica, como "Armageddon" (em que operários buscam explodir um asteroide prestes a colidir com a Terra), estava enganado. A Nasa vem estudando formas de mudar a rota de um asteroide, e assim, evitar que um dia, eles possam colidir com a Terra, embora não exista risco disso acontecer ainda.
Uma sonda equipada com uma câmera e um sistema de navegação de alta tecnologia será enviada ao espaço por meio da missão Dart (Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo, da sigla em inglês) daqui a menos de um mês, em 26 de setembro.
A sonda, lançada em novembro de 2021 por um foguete Falcon 9, da SpaceX, pretende chegar a uma pequena lua para realizar o primeiro desvio de asteroide por intervenção humana.
Como é a missão de desviar um asteroide
A pequena lua se chama Dimorphos, tem aproximadamente 160 metros, se encontra a cerca de 11 milhões de quilômetros da Terra e orbita o grande asteroide Didymus, uma rocha de 760 metros de diâmetro.
Em uma velocidade maior que 24 mil km/hora, o Dart busca alcançar o satélite natural por meio do sistema de navegação, cuja função é manter a sonda na rota prevista. Mas há grandes chances de que não consiga.
Este método é chamado “impacto cinético”, e a Dimorphos está sendo visado porque é semelhante aos asteroides que ameaçam colidir com o nosso planeta azul e põem em risco a vida na Terra.
O problema é que os satélites pequenos são mais difíceis de serem identificados e a exatidão para pousar neles também precisa ser maior. Mesmo que pequenos, registros indicam que asteroides de menos de 10 quilômetros já foram capazes de gerar muita destruição, como o bólido que criou a Cratera de Chicxulub, que hoje fica no México.
E ela não viaja sozinha: levará com ela a nave Light Italian CubeSAT for Imaging Asteroids, ou LICIACube, operada pela agência espacial italiana (ISA) com o objetivo de captar imagens do impacto.
Imagens da Dart foram enviadas do espaço pela primeira vez em dezembro do ano passado, pela câmera Draco, com a nave a cerca de 3 milhões de quilômetros da Terra, uma distância considerada curta para padrões astronômicos. As fotos mostravam as estrelas com uma alta nitidez. A expectativa é que novas fotos sejam enviadas quando a Draco chegar na lua Dimorphos.
É nessa viagem também que a Nasa irá liberar um minissatélite com duas câmeras no espaço, para que ele colida com a pequena lua. A câmera ficaria a uma distância segura, fotografando o impacto e a cratera formada no satélite natural. Com esses dados, pesquisadores poderão melhorar as simulações de colisões com asteroides.
E depois?
Em 2026, a sonda espacial Hera deve fazer ainda uma missão de reconhecimento no local da colisão, inspecionando a pequena lua e seu asteoide parceiro, enquanto telescópios na Terra observam como a órbita do asteroide mudou após a colisão. Finalmente, será descoberto se uma sonda pode evitar um asteroide de colidir com a Terra.
A diretora de defesa planetária da Nasa, Lindley Johnson, afirma que não há ainda indícios de asteroides ameaçadores para a Terra; mas pesquisadores seguem em busca deles. “A missão Dart é um aspecto do trabalho da Nasa para preparar a Terra, caso tenhamos que enfrentar um asteroide perigoso algum dia”, comenta.