Após dois anos aparecendo em eventos de destaque usando o Google Glass, o dispositivo que transforma óculos em tecnologia de filmes de espião, o cofundador do Google, Sergey Brin surgiu sem nada no rosto em um evento no Vale do Silício neste domingo.
Ele havia deixado seu Glass no carro, disse Brin a um repórter. O executivo do Google, que chefia o laboratório ultrassecreto que desenvolveu o Glass, não desistiu do produto, tendo usado o seu em uma praia recentemente.
Mas o momento escolhido por Brin para não usar seu Glass não é auspicioso. Muitos desenvolvedores e usuários antigos do Glass estão perdendo interesse na muito propagandeada versão de teste de US$ 1.500 do produto: uma câmera, processador e tela de computador do tamanho de um selo montados na ponta da armação do óculos.
O próprio Google adiou o lançamento do Glass para o mercado de massa.
Perdendo espaço
Embora o Glass possa encontrar alguns usos especializados, até mesmo lucrativos, no local de trabalho, as perspectivas de se tornar um sucesso entre consumidores no futuro próximo são baixas.
Dos 16 desenvolvedores de aplicativos para o Glass procurados pela Reuters, nove disseram que pararam de trabalhar ou abandonaram seus projetos, na maior parte devido à falta de consumidores ou às limitações do dispositivos. Outros três passaram a desenvolver aplicativos para negócios, deixando para trás projetos para consumidores.
Um bom número de desenvolvedores maiores continuam com o Glass. Os quase 100 aplicativos no website official incluem o Facebook e OpenTable, apesar que um grande ator recentemente desertou: o Twitter.
"Se houvessem 200 milhões de Google Glasses vendidos, seria uma perspectiva diferente. Não existe mercado neste ponto", disse o presidente-executivo da Little Guy Games, Tom Frencel, que suspendeu o desenvolvimento de um jogo para o Glass neste ano e está olhando para outras plataformas, incluindo o óculos de realidade virtual Oculus Rift, de propriedade do Facebook.
Vários funcionários importantes do Google, instrumentais em desenvolver o Glass, deixaram a companhia nos últimos seis meses, incluindo o líder de desenvolvedor Babak Parviz, o engenheiro elétrico chefe Adrian Wong, e Ossama Alami, diretor de relações com desenvolvedores.
Além disso, um consórcio de financiamento do Glass criado pela Google Ventures e dois dos maiores investidores de risco do Vale do Silício, Kleiner Perkins Caufield & Byer e Andreessen Horowitz, silenciosamente apagou seu website, encaminhando usuários para o site principal do Glass.
'Pegada fashion'
O Google insiste que está empenhado com o Glass, com centenas de engenheiros e executivos trabalhando nele, além da nova chefe fashionista Ivy Ross, ex-executiva da Calvin Klein. Dezenas de milhares de pessoas usam o Glass no programa piloto para consumidores.
"Estamos completamente energizados e tão energizados como sempre sobre a oportunidade que dispositivos vestíveis e o Glass em particular representam", disse o chefe de operações de negócios do Glass, Chris O'Neill.
O Glass foi o primeiro projeto a surgir da divisão X do Google, o grupo sigiloso que tem como tarefa desenvolver produtos de altíssima tecnologia como carros com direção autônoma. O Glass e dispositivos vestíveis no geral representam uma nova tecnologia, como smartphones foram um dia, que provavelmente vão demorar um tempo para evoluir em um produto que os consumidores gostem.
"Estamos tão engajados como sempre estivemos com um lançamento para consumidores. Isso vai demorar um tempo e não vamos lançar este produto até que ele esteja absolutamente pronto", disse O'Neill.
Brin havia previsto um lançamento neste ano, mas 2015 é a data mais provável agora, disse uma pessoa familiarizada com o assunto.
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