Uma nova pesquisa conduzida pela Universidade Cornell, com apoio do Google, aponta que a chamada “inoculação psicológica” pode ser mais eficaz no combate à desinformação quando combinada com lembretes para os usuários focarem na precisão da informação.
Essa abordagem ensina as pessoas a reconhecerem manipulações e melhora seu discernimento ao verificar se o conteúdo é verdadeiro ou falso.
A inoculação psicológica é uma técnica de “pré-bunking” (estratégia de comunicação projetada para prevenir a desinformação antes que ela se espalhe), que utiliza vídeos curtos para destacar táticas comuns em desinformação, como linguagem emocional intensa, falsas dicotomias e bodes expiatórios.
A estratégia já foi implementada em larga escala para milhões de usuários no YouTube e Facebook, e pode ser utilizada também após as eleições presidenciais dos EUA, diz o estudo.
A pesquisa
Os pesquisadores realizaram uma série de estudos com cerca de 7.300 participantes. Em um dos experimentos, os voluntários assistiram a um vídeo explicativo sobre linguagem emocional, uma ferramenta frequentemente usada para manipular a audiência em manchetes sensacionalistas.
Embora o vídeo tenha ajudado a identificar essas manipulações, ele sozinho não melhorou a capacidade de diferenciar manchetes verdadeiras de falsas.
Foi então que os pesquisadores testaram uma abordagem combinada: além do vídeo de inoculação, foram inseridos lembretes curtos que incentivavam os participantes a refletirem sobre a precisão da informação.
Com essa estratégia, os resultados foram mais promissores. “Se você simplesmente disser às pessoas para tomarem cuidado com coisas como linguagem emocional, elas desacreditarão de coisas verdadeiras que têm linguagem emocional tanto quanto de coisas falsas que têm linguagem emocional”, explicou ao portal Phys.org Gordon Pennycook, professor associado de psicologia e autor do estudo.
O estudo também demonstrou que os "prompts de precisão" — lembretes simples sobre a importância da exatidão das informações —, quando aplicados com os vídeos, ajudaram significativamente na identificação de manchetes verídicas, aumentando a taxa de acerto em até 10%.
“Isso mostra que combinar duas técnicas que podem ser facilmente implementadas em larga escala pode aumentar as habilidades das pessoas para evitar serem enganadas”, destacou Stephan Lewandowsky, coautor da pesquisa e professor da Universidade de Bristol.
Os resultados sugerem que a combinação de estratégias de inoculação e foco em precisão pode ser um caminho promissor para a criação de políticas e intervenções de combate à desinformação em ambientes digitais, especialmente nas redes sociais.
“Se você vai executar essas intervenções, provavelmente deve iniciá-las com um lembrete básico sobre precisão”, concluiu Pennycook, apontando que esse tipo de intervenção ajuda as pessoas a refletirem mais criticamente sobre o que consomem e compartilham online.