A Copa do Mundo do Catar começou com uma marca inédita antes mesmo da primeira bola ser chutada: seus oito estádios foram os primeiros da história do torneio totalmente com ar condicionado para todo o público pagante e demais presentes.
Segundo a Fifa, entidade máxima do futebol, a técnica usada combina isolamento do ambiente com "resfriamento direcionado ou pontual". Ou seja, o ar refrigerado só ocorre nos pontos onde as pessoas realmente estão. E o próprio design do estádio atua como uma barreira para impedir entradas de calor.
O ar condicionado entra por grades nas arquibancadas e bocais grandes no campo. Usando a clássica técnica dos condicionadores, o ar resfriado é puxado, resfriado, filtrado e lançado para fora novamente.
"Essas tecnologias de resfriamento usam as mesmas ferramentas, mas em uma escala muito maior", disse Saud Abdulaziz Abdul Ghani, engenheiro do Sudão criador da técnica e apelidado de "Dr. Cool" por conta de seus projetos.
O Comitê Supremo de Entrega e Legado da Fifa entrou em contato com a Universidade do Catar, onde ele é professor da Faculdade de Engenharia, para encontrar soluções para segurar a onda das altas temperaturas do país.
"Quando estávamos preparando nossa apresentação para a Copa do Mundo em 2022, queríamos uma candidatura única que se destacasse entre outros países. A maioria deles geralmente apresenta seus estádios como uma ideia de design e não uma tecnologia. Apresentamos nossos estádios de uma nova maneira – como uma tecnologia", defendeu.
"Não estamos apenas resfriando o ar, estamos limpando-o", disse Saud. "Estamos purificando o ar para os espectadores. Por exemplo, as pessoas que têm alergias não terão problemas dentro de nossos estádios. Temos o ar mais limpo e puro que existe."
A tecnologia deste ano é considerada 40% mais sustentável do que as técnicas recentes. Os estádios só precisam ser resfriados duas horas antes de um evento ou jogo, reduzindo assim o consumo de energia do local. Além disso, a técnica trabalha com o design do estádio a seu favor, tornando-o mais eficiente e ecologicamente correto. Para isso, o tamanho e o design dos locais foram estudados e alterados para bloquear a entrada de ar quente.
O maior desafio, no entanto, é a abertura na parte superior do estádio, por onde entra a maior parte do ar quente. Por isso a circulação é diferente em cada estádio, a depender de sua forma, altura e largura.
Como exemplo de mudança crucial, o estádio Al Bayt, inicialmente projetado com uma fachada mais escura, agora apresenta uma mais clara. Isso reduziu a temperatura dentro do estádio em cerca de cinco graus Celsius. Em outro, o Al Janoub, os difusores sob o assento empurram o ar para fora em um ângulo capaz de devolvê-lo já menos quente.
O vídeo abaixo dá mais detalhes de todo o projeto (em inglês).