Com as crianças e os adolescentes muito mais imersos na internet, os pais precisam estar atentos à exposição dos filhos a crimes virtuais, como o cyberbullying. O termo define práticas de violência que ocorrem nesse ambiente, sobretudo entre os mais jovens. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, o Brasil é o segundo país com mais casos de cyberbullying no mundo. Por aqui, mais da metade das agressões ocorrem no ambiente escolar.
A psicoterapeuta Patricia Capuani explica que o anonimato e o comportamento de grupo, muitas vezes, levam os usuários a não pensarem antes de escrever. Nem mesmo sobre o efeito que a agressão pode causar no outro. "No caso de adolescentes, que ainda estão firmando sua identidade, uma mensagem no TikTok pode acabar com a autoestima. Imagine, então, um viral iniciado pelos próprios colegas, que deveriam ser uma base de apoio desse jovem?", questiona.
Por isso, o cyberbullying pode ser considerado fator de risco para transtornos mentais e até para o suicídio de jovens, por levar à emoções como vergonha, insuficiência e desilusões amorosas. "O preconceito em casa também atrapalha, pois faz o jovem se fechar e ficar ainda mais inseguro em compartilhar a sua dor", complementa.
De acordo com o Ministério da Saúde, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. A maioria desses casos estão ligados a alguma doença emocional. Por isso, buscar um tratamento médico para a vítima é parte fundamental no combate ao cyberbullying.
Como ajudar as vítimas de cyberbullying?
Para combater o cyberbullying, a especialista aponta que os pais devem ensinar seus filhos a lidarem com suas emoções desde cedo. "A família também é importante [nesse processo], pois a validação dos sentimentos do outro começa em casa e se estende para escola, e vice e versa", destaca.
Além de apoiar e acolher os filhos, os pais também precisam entender o peso que a tecnologia têm na vida dos jovens, e nunca minimizar esse valor para poderem, de fato, se conectar com eles. "Ninguém gosta de ser criticado o tempo todo, de estar errado o tempo todo. Há formas de falar que não fazem a pessoa se sentir menor ou menos importante, e isso impacta na valorização que ela tem da própria vida", afirma Capuani.
Ao mesmo tempo, os alunos precisam de uma nova conduta social para lidar melhor com a tecnologia. Isso é importante até para cobrar das mídias sociais um controle maior dos ataques virtuais. "A cidadania digital, a causa e consequência, precisam permear o ensino das crianças de hoje para evitar o sofrimento silencioso que vem cada vez mais pelo cyberbullying", conclui.