Ensinamos matemática do modo errado, diz professor inglês

"Na escola, mostramos como fazer matemática com as mãos, e no mundo de fora usamos as melhores ferramentas”, critica Conrad Wolfram

7 nov 2014 - 13h13

O professor e empreendedor da matemática, Conrad Wolfram, afirmou que o modelo como a matemática é ensinada “está errado”. Durante o segundo dia do Ericsson Business Innovation Forum, Wolfram indicou que as melhores ferramentas devem ser usadas na matéria.

Devemos reconhecer e perceber as tecnologias que temos. As escolas devem dar essas ferramentas aos seus estudantes, disse Jan Gullisken
Devemos reconhecer e perceber as tecnologias que temos. As escolas devem dar essas ferramentas aos seus estudantes, disse Jan Gullisken
Foto: Henrique Medeiros / Terra

“O problema da matemática é: ensinamos tudo errado", sentencia o professor. "Na escola, mostramos como fazer matemática com as mãos, e no mundo de fora, no mercado de trabalho, usamos as melhores ferramentas”, critica. “Precisamos usar computadores para ensinar matemática, que é diferente e mais importante do que calcular”.

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Em seguida, o matemático colocou uma equação em sua apresentação de slides, que logo foi resolvida pelo assistente pessoal da Apple, Siri, por meio de seu iPhone. “Este tipo de cálculo uma pessoa demora 12 anos para aprender. A Siri fez em segundos”, afirmou o professor. “Não é justo. Em media, 21 mil vidas inteiras são usadas para ensinar matemática”.

Outro professor, o sueco Jan Gullisken, do Royal Institute of Sweden, acredita que o futuro da educação passa pela digitalização dos estudantes em sala de aula. Para isso, ele afirma que universidades serão o primeiro setor que precisa mudar. Porém, segundo Gullisken, elas ainda não estão pronto para essa “revolução”.

O sueco, que esteve recentemente no Brasil, mantém o discurso de Wolfram e acredita que usando as tecnologias atuais em sala de aula é um avanço.

“Devemos reconhecer e perceber as tecnologias que temos. As escolas devem dar essas ferramentas aos seus estudantes”, explica o professor. “A técnica de trazer seu próprio aparelho (do inglês, Bring Your Own Device ou BYOD) pode ser mais efetiva no futuro”.

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Não é justo. Em media, 21 mil vidas inteiras são usadas para ensinar matemática, afirma Conrad Wolfram
Foto: Henrique Medeiros / Terra

Riscos no futuro

Para Conrad Wolfram, o perigo de os jovens se afastarem cada vez mais dos estudos matemáticos afeta o mercado de trabalho. Para ele, para se obter um modo eficaz de ensinar os jovens, primeiro é preciso entendê-los. “O primeiro passo para fazer alguém gostar de estudar é tentar entender os gostos deste jovem, e mostrar como aquele tema está relacionado com a matemática”, indica o empreendedor.

Gullisken confirma que o problema é real, e que as companhias de tecnologia da informação já encontram dificuldades para contratar profissionais especializados em um mercado que cresce a uma média de 3% por ano.

“Essas empresas precisam de profissionais de tecnologia, mas os jovens não se interessam em entrar nesses cursos”, disse Gullisken. “Precisamos de profissionais, mas não conseguimos achá-los. E também precisamos de mais especialização”.

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O professor sueco ainda mostra que algumas profissões com pouca ligação social e a tecnologia devem desaparecer em 20 anos, como modelos (98% de chance), assistente de contabilidade (97%), operador de máquinas na indústria (97%), bibliotecários (96%) e caixas de banco (95%).

E aquelas com menos chance de desaparecer são psicologia, assistentes sociais, especialistas em biologia, química e agricultura (3%), pastores (2,5%), CEO (1,5%) e políticos (1,2%).

“Tem máquinas que conseguem fazer aquilo que os humanos conseguem fazer, mais rápido e melhor. Precisamos nos levantar e usá-las em favor do poder da educação”, completa Wolfram. “Precisamos trabalhar com elas, e não competir”.

O jornalista viajou a convite da Ericsson.

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Fonte: Terra
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