Com ajuda do designer brasileiro Cícero Moraes, uma equipe de pesquisadores reconstruiu o rosto de uma múmia egípcia de 2300 anos portadora de um cérebro anormalmente grande.
Pertencente à elite local, o jovem Minirdis faleceu com apenas 14 anos. Ele fazia parte de uma família "sagrada" e, antes de sua morte, herdaria o trabalho de sacerdote de seu pai, Inaros.
Seus restos mortais foram encontrados em 1925 no cemitério de Akhmim, no Egito, e os nomes foram identificados em uma inscrição no caixão.
Segundo Moraes, principal autor do estudo ainda a ser publicado sobre a descoberta, Minirdis tinha macrocefalia – um distúrbio caracterizado por um cérebro anormalmente grande.
"Nós trabalhamos com muitas medidas do crânio e temos boa noção dos parâmetros de normalidade. Quando alguma medida fica fora do esperado, conseguimos identificar rapidamente", disse em entrevista ao Byte.
Um crânio pode ser considerado megalencefálico se a circunferência da cabeça estiver acima de 2,5 desvios padrão para a idade e sexo do indivíduo. Neste caso, o perímetro cefálico e o volume cerebral estão três desvios-padrão acima, segundo o pesquisador.
A máscara mortuária teve que ser reposicionada para que o caixão pudesse ser fechado sem pressionar a cabeça.
"A parte mais desafiadora foi segmentar o corpo e a máscara mortuária, para posicionar-la corretamente e atestar a falta de espaço para o fechamento do caixão", comentou.
A imagem de Minirdis foi reconstruída usando um modelo digitalizado de seu crânio, ao qual foram adicionados tecidos moles. O processo foi por dados de pessoas vivas. Além disso, a estrutura do crânio e da pele de um doador foi virtualmente recriada e depois deformada até corresponder às dimensões de Minirdis, revelando o verdadeiro rosto.
A macrocefalia pode ser benigna, mas é capaz de causar atrasos no desenvolvimento, deficiência intelectual, convulsões e até paralisia. Apesar do diagnóstico, a causa da morte do jovem permanece incerta.
Os restos mortais de Minirdis estão na coleção do Field Museum de Chicago, nos EUA, e Moraes e os coautores Francesco Maria Galassi e Michael Habicht aguardam formalidades acadêmicas para a publicação do estudo.