O Instituto de Democracia, Jornalismo e Cidadania (IDJC) da Universidade de Syracuse, nos Estados Unidos, está utilizando o sistema de grafos, que utiliza matemática, para a identificação e mapeamento de campanhas de desinformação com potencial para influenciar a decisão de eleitores do país, que irão às urnas em novembro de 2024.
O projeto engloba o período de um ano com um subsídio de pesquisa de US$ 250.000 voltado para as eleições americanas. A Neo4jⓇ, líder mundial em Banco de Dados Grafos e Analytics, licenciou o uso de sua plataforma de banco de dados grafos para o instituto.
A parceria faz parte do lançamento do projeto IDJC ElectionGraph, que identifica as origens das campanhas de desinformação com base nos gastos com anúncios de mídia social, concentrando-se inicialmente no Facebook e no Instagram, devido ao seu amplo alcance nos EUA.
O projeto usa o banco de dados e a análise de tecnologia de grafos da Neo4j, permitindo que os pesquisadores se conectem e analisem grandes volumes de dados conectados com mais rapidez.
O IDJC divulgará relatórios periódicos das descobertas e percepções de sua pesquisa ao público ao longo do ano, juntamente com um painel interativo que ajudará os jornalistas a investigar campanhas de desinformação que afetam as eleições nos EUA.
“O desafio enfrentado por pesquisadores digitais e jornalistas computacionais para desvendar as consequências da desinformação conduzida por IA na democracia é enorme. A tecnologia de grafos é um facilitador essencial para aqueles que buscam descobrir padrões e redes ocultas daqueles que procuram manipular populações democráticas”, explica Jim Webber, cientista-chefe da Neo4j, em comunicado.
Resultados iniciais
O primeiro relatório da série foi lançado aborda como os anúncios de mídia social que mencionam Biden ou Trump moldam o cenário de informações eleitorais de 2024.
O documento analisa anúncios pagos no Facebook e no Instagram entre 1º de setembro de 2023 e 29 de fevereiro de 2024, mencionando os candidatos presidenciais Joe Biden ou Donald Trump.
Veja os principais resultados identificados no monitoramento até o momento:
- Grupos conservadores são os que mais gastam com anúncios: O Liberty Defender Group foi apontado como o grupo que mais gastou com anúncios (mais de US$ 1,3 milhão) e não está vinculado a nenhuma organização política, mas seus anúncios indicam um alinhamento pró-Trump;
- O segundo maior grupo gastador, com mais de US$ 1 milhão, é a AFP Action ou Americans for Prosperity, uma organização conservadora que endossou Nikki Haley, filiada ao Partido Republicano e que também chegou a ser pré-candidata para a corrida presidencial;
- Mais de 24.000 anúncios foram comprados por mais de 1.800 grupos, totalizando um valor estimado de US$ 15,3 milhões. As organizações que veicularam anúncios variaram de entidades bem conhecidas, como comitês de ação política, grupos de partidos políticos ou outros candidatos;
- Anúncios pró-Biden utilizam o título de “Presidente” para se dirigir a ele e não a Trump, e vice-versa: os anúncios mostraram como grupos específicos usaram o título de “Presidente” de forma diferente para os oponentes;
- Grupos que diziam “Presidente Biden” e “Donald Trump” tendiam a favorecer Biden - e grupos que diziam “Presidente Trump” e “Joe Biden” tendiam a favorecer Trump;
- Número de anúncios com ataques direcionados à Biden superam aqueles que atacam Trump: Embora Biden seja mencionado sete vezes mais do que Trump em anúncios gerais no Facebook e no Instagram, o atual presidente americano foi mencionado na maioria dos anúncios com ataques direcionados (47%), em comparação com anúncios de “ataque” que mencionam Trump (37%).