Excesso de telas está ligado a deficiências mentais e intelectuais em crianças, diz estudo

72% das crianças avaliadas apresentaram aumento nos níveis de depressão em estudo da UFMG

26 set 2024 - 14h48
Crianças correm riscos com aumento do uso de celulares; especialista explica
Crianças correm riscos com aumento do uso de celulares; especialista explica
Foto: Freepik / Viva Saúde

Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou que 72% das crianças avaliadas apresentaram aumento nos níveis de depressão, associado ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos. O estudo também mostrou uma redução no quociente de inteligência (QI) entre as crianças que passam muito tempo diante de telas, como celulares, computadores e videogames.

Giovanna Antunes Botazzo Delbem, psicóloga da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) da USP, alerta que o uso prolongado dessas tecnologias pode afetar negativamente a saúde mental e o desenvolvimento cognitivo infantil.

Publicidade

"O uso excessivo de telas está associado ao aumento de transtornos como depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)", afirma a especialista em comunicado da USP.

Além disso, estudos começam a investigar como a radiação emitida por esses dispositivos pode influenciar o desenvolvimento desde a gravidez.

"Depois do nascimento, o uso exagerado de telas afeta a interação entre a criança e seus cuidadores, além da hiperestimulação visual que pode comprometer outras atividades fundamentais para o desenvolvimento", explica Delbem.

Durante a pandemia, a necessidade do uso da tecnologia para educação à distância trouxe benefícios para a aprendizagem, mas o tempo excessivo em frente às telas contribuiu para o aumento dos transtornos mentais, segundo a psicóloga.

Publicidade

"O uso exagerado impacta negativamente a memória, criatividade, resolução de problemas e desenvolvimento da linguagem. A redução nas interações com os cuidadores pode gerar atrasos na fala, déficits intelectuais e transtornos mentais."

Recomendações da OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece limites claros sobre o tempo ideal de exposição a telas para crianças: até os 2 anos, recomenda-se evitar completamente o uso de telas; de 2 a 5 anos, o uso deve ser limitado a no máximo 1 hora por dia; de 6 a 10 anos, o tempo pode ser de 1 a 2 horas diárias; e de 11 a 18 anos, o recomendado é até 3 horas por dia.

"Esse cuidado é importante até mesmo para adolescentes, já que muitas interações sociais ocorrem no ambiente digital", destaca Delbem.

Como o uso excessivo de dispositivos eletrônicos prejudica a visão das crianças?
Foto: freepik/Freepik / Boa Forma

Sinais de alerta para os pais

Os pais devem ficar atentos a sinais de que o uso de telas está ultrapassando os limites saudáveis, como a diminuição da atividade física, aumento de peso, alterações no sono, isolamento social, queda de desempenho acadêmico e problemas de memória.

"É fundamental observar se as crianças estão usando as telas para escapar de emoções desconfortáveis ou em busca de uma recompensa rápida, como a liberação de dopamina", afirma Delbem.

Publicidade
Fonte: Redação Byte
TAGS
É fã de ciência e tecnologia? Acompanhe as notícias do Byte!
Ativar notificações